quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Pantanal
















Vote no Pantanal como uma das 7 Maravilhas da Natureza:

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Garganta, pescoço, torcicolo

Indecisões a respeito de um futuro próximo, envolvendo a aceitação de que um projeto foi frustrado. Para lidar com esses sentimentos não há necessidade de ser um super-herói, mas sim, possuir uma super-mente. O problema é que o cérebro não aguenta tudo sozinho, ele transfere para o organismo as conseqüências da pressão, que nesse caso foi absorvida pelo metabolismo como uma intensa crise de amígdala, acompanhado de um "puta" torcicolo.

Pesquisando na internet alguma possível relação entre o stress o pescoço e a garganta:


Dor no pescoço simboliza a inflexibilidade de seus pensamentos e a dificuldade de relaxar em relação às cobranças alheias e mesmo à auto-cobrança. A pessoa que não quer deixar de ter opiniões rígidas e recusa-se duramente a mudar seus hábitos, vai ganhar um pescoço duro, igual à sua cabeça. Pessoas perfeccionistas normalmente têm muitos torcicolos. O pescoço dói e mostra que a mesma não consegue olhar para o outro lado da questão, a não ser que gire o corpo todo.



Resolvi “virar meu corpo” e aceitar que esta teoria está correta e continuei minha pesquisa a respeito da cura espiritual para meu pescoço e região cervical. Encontrei como sugestão a auto-ajuda (método de aprimoramento pessoal em que o indivíduo pretende buscar, sem ajuda de outrem, soluções para problemas emocionais, superação de dificuldades, etc). O problema é que o método se resume em seguir regras e leis escritas por outras pessoas que por sinal não escrevem bem, ou seja, comprar literatura de baixa qualidade e de alto custo financeiro e psicológico.

Desisti da auto-ajuda e seus “métodos” e, ainda no google, encontrei o tal do auto-sugestionamento. Este me agradou mais, até mesmo porque, há uns dias atrás, conversando com duas pessoas que tenho estima e considero inteligentes e sabias, fiquei sabendo que é
possível adiantar o próprio relógio e esquecer que temos dez minutos, ou ainda, é possível esconder objetos de si mesmo em seu próprio quarto e não encontrá-los mais, pelo menos até a execução de uma boa faxina. Sendo assim, executei a pesquisa e descobri os seguintes destaques:

· O consciente é freqüentemente dotado de uma memória muito falha e o inconsciente é, ao contrário, provido de uma memória maravilhosa, impecável, que guarda, sem o sabermos, os menores acontecimentos, os mais insignificantes fatos de nossas vidas e pode controlar nosso metabolismos causando diferenciadas reações sem que nosso consciente perceba as causas, com exemplo, o torcicolo;


· A sugestão é "a ação de impor uma idéia ao cérebro de outra pessoa", muito utilizada pelos marketeiros, publicitários e políticos em geral;


· A auto-sugestão é a "implantação de uma idéia em si mesmo por si mesmo". Trazemos este instrumento desde que nascemos e com o qual brincamos inconscientemente toda a nossa vida. O desenvolvimento deste instrumento tem sido amplamente trabalhado em diversas linhas como em “O Segredo” e até em artigos científicos;


· Estudiosos estão desvendando as relações entre a psicologia e as crises econômicas. Os tais "jogos de pareamento mental" nos levam a, quando vemos uma pessoa ganhando dinheiro, supormos que, se fizermos a mesma coisa, vai dar certo. Aconteceu isso na crise das empresas ponto-com e agora está acontecendo com a crise das hipotecas "subprime". Em nenhuma delas as pessoas pararam para pensar que o dinheiro teria de acabar alguma hora. Os primeiros a entrarem no plano podem mesmo fazem dinheiro, mas as pessoas no fim da linha não vão conseguir, porque os recursos se acabam. Assim, acredito que em breve haverá doutores em psiquiatria da bolsa de valores ou algo assim.

Além dessas curiosidades, eu descobri que tenho que repetir a seguinte frase: v
ou resolver todos aqueles defeitos que disseram que eu tenho por estar com torcicolo (2° parágrafo). Pronto....Já sinto a dor diminuindo.........

"minha garganta arranha quando não te vejo" Ana Carolina

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O plano político de Edir Macedo – Oremos!

Uma amiga me convidou para passar o domingo no Clube SESC Balneário. O clube tem muitas regras e devem ser necessárias, já que, segundo ela o SESC apenas estabelece “chatices precisas". Enquanto aguardávamos na fila para realizar o exame médico, havia alguns jornais espalhados pelo sofá e como não resisto a uma leitura, apanhei um deles.

A mesma igreja que é detentora de veículos de mídia em todo o Brasil e os utiliza para falar abertamente daquilo em que crê e daquilo que faz, incluindo atacar outras religiões (principalmente as de origem afro) misturando-as em uma só, denominando-as como "espiritismo"; que exige de seus fiéis altas somas em dinheiro de forma que costuma chocar a todos e depois e envolve-se em escândalo envolvendo maletas de 10 milhões de reais é a responsável pelo escroto jornal que encontrei e que tinha como manchete de capa “o poder do voto cristão (não católico)”.

Durante a “matéria”, o jornaleco cita que o poder dos 40 milhões de evangélicos está adormecido e que precisa ser ativado para consolidar um grande projeto de nação concebido por Deus, que, como estadista, em sua criação, desenvolve um plano para uma grande nação que não é Israel e sim a evangélica brasileira.

Dessa forma, o bispo chutador de santas e seus fiéis se aproximam do desenho animado “Pinky and the Brain” que são dois ratos brancos de laboratório que utilizam os Laboratórios Acme como base para seus planos mirabolantes para dominar o mundo. O Pink, que nesse caso pode ser entendido como a alienada nação evangélica, é um rato branco alto, magricela, completamente infantil, abobalhado e idiota. Ele considera Cérebro seu melhor amigo, embora este viva se aborrecendo com sua baixa inteligência. Já o bispo, quer dizer, o Cérebro, é outro rato branco, baixote e uma cabeça enorme evidenciando um cérebro do mesmo tamanho. Carrancudo e ambicioso, ele gasta suas noites traçando planos meticulosos para tentar conquistar o mundo.

Assim, através do livro, o Cérebro incita os evangélicos a tomar o poder. Objetivo seria construir o projeto de nação planejado politicamente por Deus: governar o Brasil. Ele ainda afirma “A potencialidade numérica dos evangélicos como eleitores pode decidir qualquer pleito eletivo, tanto no Legislativo, quanto no Executivo, em qualquer que seja o escalão, municipal, estadual ou federal”. Pois é, além de ser um ótimo administrador, pois a Igreja Universal do Reino de Deus é uma empresa muito rentável, agora também será transformada em partido político.
Rezemos para que o objetivo que conquistar o mundo não seja atingido.




sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Alice Ruiz

Hoje em dia me sinto personagem de Alice Ruiz. Não é a toa que em meu orkut haja o poema da mulher que se tocou, mais ou menos como aquela essa mulher do Arnaldo Antunes que conheceu o sabonete.

Há tempos tenho tentado me bastar, mas é difícil. A carência e demais problemas sempre me motivaram a buscar em outras coisas ou pessoas a a ineficácia do meu ser. Namoros, trabalho, cigarros, discos, poemas, crônicas, blog, war, amigos, política e livros, principalmente estes os quais podemos personificar.

Quero sentir-me bem de forma que o mundo desande e eu permaneça como um pilar solitário após um furacão. Sem coisas, apenas eu. E se as coisas houverem, que sejam apenas coisas.

"sou uma moça polida, levando uma vida lascada
cada instante pinta um grilo por cima da minha sacada"
Alice Ruiz
"Era uma vez
uma mulher que
via um futuro grandioso
para cada homem que a tocava.
Um dia ela se tocou"
Alice Ruiz

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Bóreas em pessoa, Saramago em deus

Muito me felicita ler que Saramago lançou seu novo livro e alegra-me mais ainda saber que não preciso aguardar tradução. Como o Estadão fez-no o favor de publicar um trecho do livro, chamado "A Viagem do Elefante", eu estou linkando o mesmo para que possamos juntos desfrutar a novidade.

O título Saramago em deus é inspirado na frase: “Não há vento, porém a névoa parece mover-se em lentos turbilhões como se o próprio bóreas, em pessoa, a estivesse soprando desde o mais recôndito norte e dos gelos eternos”.

Caso o leitor desta oficina esteja com preguiça de ler o trecho do livro, cito o final do pedacinho do céu para estimulá-lo e dar um “plof” na mesma e iniciar a leitura:

“...e de repente desapareceu da vista. Fez plof e sumiu-se. Há onomatopeias providenciais. Imagine-se que tínhamos de descrever o processo de sumição do sujeito com todos os pormenores. Seriam precisas, pelo menos, dez páginas. Plof. "

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama x Lula

Em conversa com um amigo ouvi o seguinte comentário: Obama será um ótimo presidente pois é muito parecido com Lula. Não resisti e esbocei algumas linhas ontem a noite, tentei colocá-las em quadro e não consegui, então seguem em texto sendo azul para Lula (que há tempos não é colorado..rs).



Barack Hussein Obama II (Honolulu, 4 de agosto de 1961) foi o primeiro afro-americano a ser eleito presidente estadunidense, sendo o 44° presidente de seu país.

Luiz Inácio Lula da Silva (Caetés, 27 de outubro de 1945), é o trigésimo quinto presidente da República Federativa do Brasil, cargo que exerce desde o dia 1º de janeiro de 2003.
Graduou-se em Ciências Políticas, com pela Universidade Columbia em Nova Iorque, com especialização em relações internacionais. Depois cursou Direito na Universidade de Harvard, graduando-se em 1991. Foi o primeiro afro-americano a ser presidente da Harvard Law Review.
Em seu discurso de posse em 2002, afirmou: "E eu, que durante tantas vezes fui acusado de não ter um diploma superior, ganho o meu primeiro diploma, o diploma de presidente da República do meu país."

Trabalhou como agente comunitário em Chicago, sendo que em seus três anos como diretor da DCP, obteve grande aumento de equipe e desenvolvendo inúmeros programas sociais. Também trabalhou como um consultor e instrutor para a fundação Gamaliel, um instituto que dá consultoria e treinamento para associações comunitárias. Em 88 ingressou na Faculdade de Direito, obtendo o título de doutor em direito por Harvard em 1991, com 30 anos, graduando-se com louvor. Obama ensinou direito constitucional na escola de direito da Universidade de Chicago por doze anos e também advogou em escritório.

Após ter feito o curso técnico de torneiro mecânico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em 1963, empregou-se na metalúrgica Aliança, onde acidentou-se numa prensa hidráulica, o que lhe fez perder o dedo mínimo da mão esquerda. Depois disso militou em movimentos de esquerda que restauraram a prática de greves públicas de larga escala, que haviam cessado de ocorrer desde o endurecimento repressivo da ditadura militar.

Em 1996 foi eleito ao Senado de Illinois e reeleito em 2000 e 2004 com 70% dos votos. Em 2008 concorreu com a Sra Clinton à vaga a candidatura e foi eleito presidente em eleições históricas, derrotando John McCain.

Durante o movimento grevista reuniu-se com a esquerda intelectual e fundaram o PT. Em 82 perdeu a candidatura ao governo de São Paulo. Participou do Movimentos Diretas Já e da elaboração (não sei em qual nível de colaboração) da Constituição de 1988 como senador. A partir de 1989 inicia a “luta” pela presidência, sendo derrotado por Collor, duas vezes por Fernando Henrique e finalmente eleito e reeleito posteriormente.

Após nova vitória na eleições primárias de 2003, foi escolhido como orador de honra para a Convênção Nacional do Partido Democrata em julho de 2004.

É presidente de honra do PT mas seus companheiros costumam orientá-lo a ler os discursos previamente redigidos.

Como membro da minoria democrata, ajudou a criar leis para controlar o uso de armas de fogo e para promover maior controle público sobre o uso de recursos federais.

Lula tornou-se um dos principais opositores da política econômica do PSDB, sobretudo da política de privatização, de pagamento da dívida externa e de responsabilidade fiscal.

Já adulto, Obama admitiu ter usado cocaína, maconha e álcool durante o ensino secundário, tendo classificado, em evento na atual campanha eleitoral como seu maior erro do ponto de vista moral.

Já em maio de 2004, o governo chegou a pensar em expulsar do país o jornalista americano Larry Rohter, do jornal The New York Times, por divulgar boatos sobre a suposta propensão de Lula a beber.

Escreveu um livro sobre questões relacionadas à raça, publicado como Dreams from My Father em meados de 1995, quando Obama estava com 34 anos.

Plantou uma árvore essa semana e afirmou que Obama deve ser conrinthiano.

Enquanto presidente e candidato vencedor em duas campanhas, Lula teve uma série de epsódios marcantes. Cito alguns:

Abdicando dos "erros" cometidos em campanhas anteriores, em 2002 o mesmo opta por um discurso moderado, prometendo a ortodoxia econômica, respeito aos contratos e reconhecimento da dívida externa do país, conquistando a confiança de parte da classe média e do empresariado, o que o leva a eleição;

Após eleito, mantém a tão criticada política econômica do governo FHC, caracterizada pela estabilidade e balança comercial superavitária;

Agradando a ala radical do PT e honrando as pichaações de “FORA FMI”, aumenta o endividamento interno de 731 bilhões de reais (em 2002) para um trilhão e cem bilhões de reais em dezembro de 2006, e diminui a dívida externa em 168 bilhões de reais;

Na área de políticas fiscal e monetária, o governo de Lula caracterizou-se por realizar uma política econômica conservadora. O Banco Central goza de autonomia prática, embora não garantida por lei, para buscar ativamente a meta de inflação determinada pelo governo. A política fiscal garante a obtenção de superávits primários ainda maiores que os observados no governo anterior, alcançados por meio do corte de investimentos, ao mesmo tempo em que há aumento de gastos em instrumentos de transferência de renda como o Bolsa Família, salário-mínimo e o aumento no déficit da Previdência;

Teve taxas de crescimento econômico maiores que do governo anterior e menores que da media mundial. Sendo que os baixos índices inflacionários foram conseguidos a partir de políticas monetárias restritivas, que levaram a um crescimento dependente, por exemplo, de exportações de commodities agrícolas (especialmente a soja), que não só encontraram seus limites de crescimento no decorrer de 2005, como também tem contribuído para o crescimento dos latifúndios;

As relações políticas do governo Lula com a oposição e a Mídia foram conturbadas e sua inabilidade em lidar com essa situação resultou no escândalo do mensalão, denúncia de esquema de propina nos Correios, queda de ministros, cassação de deputados e escândalo dos cartões corporativos;

Não cumpriu suas promessas como reforma fiscal e da previdência, ao contrário aumentou impostos e tem desenvolvido uma política paternalista de distribuição de renda forçada com seus programas como bolsa isso e aquilo.

Esperamos, eu e esta Oficina, que as diferenças existentes na história de vida de ambos, Lula e Obama, permitam que o segundo se diferencie do primeiro em termos de governo, mesmo admitindo que ambos têm em comum o populismo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Eu matei: e agora?












Para quem não gosta, ou não entende as piadas de Woody Allen, ou até mesmo para quem o venera, sugiro O Sonho de Cassandra (2007). Nesse filme, Woody está dramático e transfere para um dos personagens os sentimentos de Rodion Românovitch Raskólnikov, um jovem estudante que comete um assassinato e se vê perseguido por sua incapacidade de continuar sua vida após o delito.

Tanto Terry, personagem interpretado por Colin Farrel no filme de Allen como Ródion, como o russo de Fiódor Dostoievski no livro Crime e Castigo (1866), são jovens ambiciosos que desejam ganhar dinheiro e realizar grandes façanhas para se tornarem “alguém”. Mas ambos possuem grandes diferenças, principalmente na maneira que seus mentores os criam.

O assassino de Dostoievski é um filósofo que divide o homem em ordinário e extraordinário, numa tentativa de explicar a quebra das regras em prol do avanço humano, diferentemente de Teery, que sob influência de seu irmão, o ambicioso Ian, personagem interpretado pó Ewan McGregor, comete o crime motivado por dinheiro, já que o mesmo encontra-se muito endividado devido ao seu vício em apostas.

Ródion decide que assassinar um agiota significa fazer algo que mude a sociedade ou em prol dela e tem sua crise de consciência aflorada pois, durante a execução do crime, acaba sendo obrigado a matar a irmã de sua vítima. Já Teery acaba sendo influênciado a participar do homicídio pelos laços familiares, já que ele deseja se livrar de sua dívida, auxiliar seu irmão a realizar seus sonhos e impedir que seu tio vá para a cadeia.

Em relação ao desejo de se entregar para amenizar as crises de consciência, as diferenças são tamanhas: o moderno Terry decide se entregar e apenas não o faz por acreditar que deve convencer seu irmão a fazer o mesmo. Já o russo, que também se encontrava impune apenas se entrega quando a polícia prende um inocente (que por motivos pessoais se declara culpado).

Os desfechos são distintos assim como os cunhos literários. Enquanto Fiodor deseja denvendar o inconsciente e as crises psicológicas de valores e moral, Woody trata o assunto de forma leve, no ritmo de suas comédias. Deixa a desejar em sua característica de frases de efeito mas surpreende com a tragédia que surpreendentemente encerra a estória.

Ambos são indicados por esta Oficina.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Pela Liberdade

Mais de 13.000 pessoas “desapareceram” durante a ditadura militar, somando-se aos mortos, presos, exilados e torturados é bastante esforço pela liberdade para ser descartado por alguém na atualidade. Mas é o que tem acontecido. Assistimos a preconceitos de toda forma, contra o homossexual, o portador de HIV, as mulheres independentes e a oposição política.

Ainda existem ameaças, espancamentos, servidores afastados e transferidos na atualidade, todos eles acreditaram no direito à liberdade de expressão. O coronelismo reina em algumas prefeituras e os “donos” das cidades ainda usam seus funcionários como curral eleitoral, seguindo os passos dos cafeicultores de tempos remotos neste país.

Em busca da democracia eu tenho participado da campanha para as eleições municipais. Meu candidato é Eraldo Fortes, cidadão de origem humilde que concluiu seu curso em Administração pela UFMT através das turmas especiais, convênio que foi abolido pelo atual gestor de Primavera do Leste, candidato à reeleição. Meu candidato está concluindo o curso de Direito em busca de constante aperfeiçoamento e foi bastante ousado e corajoso aceitando a candidatura, mesmo não possuindo os recursos necessários para tanto.

Este ato nos trouxe de novo a esperança já que não teríamos a opção democrática do voto, seríamos obrigados a aceitar uma candidatura única imposta pelo poder dominante. Em apelo à educação, ao respeito e à democracia, peço aos meus amigos um voto de confiança em Eraldo, que para mim representa o diálogo e a manutenção dos princípios constitucionais e democráticos. Não defendo seus projetos nesta mensagem, pois argumento a respeito da manutenção dos princípios, a base do restante para o desenvolvimento de políticas públicas.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

mutante

Aos leitores imaginários peço desculpas elucubradas pela minha ausência. Enquanto aguardo ansiosamente o caminhão de móveis e transpiro como uma escrava as 7:30 h, lembro-me de como era feliz e não sabia ao reclamar da prestação de serviços em Primavera do Leste. Lembro-me também de um antigo ditado que dizia que nunca se deve pagar adiantado pelos serviços e da falta que faz um homem para resolver essas petecas cotidianas.

Pois é, acredito que em breve substituirei a bandeira de Primavera pela cuiabana. Difícil de acreditar que a garota que jurou que nunca mais moraria na capital do estado voltar por livre e espontânea vontade, não? Incrível também estar recebendo meu diploma de administradora em novembro e decidir trabalhar com meio ambiente e me tornar caloura de novo.
Tenho questionado bastante minhas atitudes e decisões. Acho que estou na crise dos 30 aos 26, o que pode ocorrer considerando-se que cada organismo biológico é distinto e tem seu próprio tempo. Semana passada, setembro de 2008, na estrada, uma garota de 26 anos guiando um veiculo de 1984, vestida com roupas na década de 70 e ouvindo música do século passado, pensava a respeito de sua vida adulta. A possibilidade de reiniciar sua carreira em uma estranha cidade e a quase convicção de que não mais constituirá família a fez sentir-se estranha, e foi ai que ela decidiu mudar-se, pois percebeu que mais estranha ainda era essa figura na perfeita cidade das bailarinas loiras filhas de produtores e perfeitas esposas primaverenses.
Leitores, em breve voltarei a publicar e espero que esta transição toda que inclui não só a mudança de cidade mas problemas sérios de saúde familiar, entre outros, me inspirem a escrever cada vez mais e melhor.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Quando há simbiose entre imprensa e justiça

Como bom tupiniquim, o bisbilhoteiro Daniel Dantas, baiano, 45 anos, engenheiro, um dos mais brilhantes banqueiros do País, é homem politizado e costurou ótimas relações com o PFL e com os tucanos, através de seu conterrâneo Antônio Carlos Magalhães. Assim, fundou o Banco Opportunity que objetivava participar das privatizações de FHC.

Muito me surpreendi ao ler a manchete: Daniel Dantas está vendo o sol quadrado! A admiração não é sabê-lo criminoso, sobretudo porque estou acompanhando o caso desde 2000. O que me pasma são duas coisas: ver e ler seu nome na imprensa e a justiça ter agido. Não que eu deixe de respeitar a imprensa e a justiça brasileiras, mas no caso de Dantas ambas estavam meio que, por assim dizer, aparentemente silenciosas.
Interessante como a grande imprensa lida com a situação. Como conseguem anunciar o óbvio há muito descrito pelos zines e imprensa alternativa sem justificar seu descaso por oito anos? O que o Supremo tem a justificar a respeito do solta-e-prende alguém já julgado em tribunais do exterior?

O banqueiro e sua cúpula foram presos em uma operação da Polícia Federal, denominada Satiagraha. Além de dele, a ação da PF também prendeu o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. A operação é o ponto final de investigações que remontam ao esquema de desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro que seria comandado pelo publicitário Marcos Valério.

Para que o leitor deste artigo entenda minha indignação resumirei as notícias num breve histórico. Em 2000, houve fitas gravadas que denunciavam o um dos mais complexos caminhos dos quais percorrem o dinheiro brasileiro. Colaboradores do Banco Opportunity, encontram-se par discutir aplicações do mesmo que não pagava imposto de renda e era isento da então CPMF. Isso tudo porque a equipe econômica do governo federal, tem o objetivo de favorecer o ingresso no País dos capitais indispensáveis para fechar as combalidas contas externas brasileiras, em detrimento do incentivo à agricultura, por exemplo, que para exportar sua produção precisa comer o pão que Daniel, quero dizer, Diabo amassou. O detalhe é que essas regras não valem para investidores nacionais, que eram o caso então existentes no Opportunity Fund: Daniel Dantas, Pérsio Arida(ex presidente do BC), Verônica Rodenburg Dantas. Nessa época, foram, iniciadas as investigações que levaram ao complicado labirinto societário: Opportunity Fund, administrado pelo Banco ABN Amro, foi constituído pela Opportunity Asset Management Ltda., uma empresa baseada nas Ilhas Cayman, e por isso regida pelas leis locais. Por sua vez, a Opportunity Asset Management é uma subsidiária da empresa brasileira Santa Luiza Comercial e Participações Ltda., de propriedade da Dantas. Mas, como a Santa Luiza não é uma empresa financeira, não cabe ao Banco Central fiscalizar suas atividades. Opportunity Fund é vinculado ao Grupo Opportunity e não ao Banco Opportunity, duas entidades que, oficialmente, não têm vinculações entre si. Por isso, a fiscalização do Opportunity Fund está fora da alçada do BC, e talvez por isso ele estivesse envolvido com a privatização da Vale do Rio Doce, do metrô do Rio e do Porto de Santos. É, também, um dos acionistas do site de Internet gratuito iG. Para esclarecer também, cito que os consórcios organizados pelo Opportunity acabaram levando a Tele Centro Sul (hoje Brasil Telecom), a Telemig Celular e a Tele Norte Celular, que gerou diversos escândalos sobre grampos, mas que não afetaram os negócios de Daniel, que conseguiu o controle absoluto sobre as telefônicas, apesar de ter injetado apenas 0,36% do capital no momento da privatização.

Os contatos políticos no Brasil e a retaguarda do Citibank permitiram ao mesmo brigar com os fundos de pensão, a canadense TIW, a Telecom Italia, investidores nacionais e estrangeiros. Tudo pelo controle de empresas telefônicas avaliadas em mais de R$ 15 bilhões. Mas em 2005 indícios demonstram que Dantas, administrador dos recursos do Citi aplicados na telefonia, estaria ficando frágil, sendo que a parceria com o Opportunity não seria mais prorrogada. Seu poder de força é diminuído também no Brasil,quando um relatório parcial da Polícia Federal, produzido a partir de interceptações telefônicas autorizadas e documentos apreendidos durante a Operação Chacal, em outubro de 2004, aponta o banqueiro como líder e mentor de uma “quadrilha” de espionagem internacional com vários elementos caracterizadores (existência de quadrilha, inobservância de fronteiras, previsão de lucros, hierarquia, planejamento empresarial, divisão de trabalhos, ingerência no poder estatal e compartimentação). Detalhe: os policiais chegaram lá investigando as supostas fraudes cometidas pela Parmalat, quando esbarraram na espionagem ilegal da empresa americana Kroll, a mando de Dantas e Carla Cico, presidente da Brasil Telecom. A partir daí, perceberam o quão elevado é o nível de curiosidade do baiano, cujo intuito era espionar executivos da Telecom Italia e futuros integrantes do governo federal, entre eles Luiz Gushiken, secretário de Comunicação, e Cássio Casseb, ex-presidente do Banco do Brasil.

Daremos um salto no tempo: chegamos ao mensalão, no qual a secretária do publicitário Marcos Valério de Souza e o deputado Roberto Jefferson estão com ibope. Não seria surpresa se, ao longo das apurações, a CPI dos Correios e a Polícia Federal encontrassem elos entre a secretária e a maior disputa societária da história do capitalismo nativo. Em 2004, Valério foi procurado por Dantas. O banqueiro tentava uma aproximação com o governo federal e uma forma de neutralizar a resistência do secretário de Comunicação, Luiz Gushiken, aliado dos fundos de pensão na briga pelo controle de empresas de telefonia avaliadas em cerca de R$ 15 bilhões. Em troca, o dono do Opportunity entregou à DNA, uma das agências do publicitário, as contas da Telemig Celular e da Amazônia Celular.
Já estamos em julho de 2008 e Dantas nega ter contratado a empresa americana Kroll para espionar desafetos e concorrentes, entre eles integrantes do governo Lula. Dantas negou ainda ter sido achacado por integrantes do PT e que tenha produzido um dossiê com supostas contas de autoridades brasileiras no exterior. O banqueiro se disse vítima de uma conspiração a envolver o Ministério Público, a Polícia Federal e a imprensa. Logo ela, que só agora se manifestou!

Quando nosso bisbilhoteiro resolveu investigar o PT acabou chegando em Celso Daniel, prefeito de Santo André, morto em 2002. Já com os tucanos descobre-se Jereissati e uma suposta ligação de FHC com espanhóis. Ele foi preso, Gilmar Mendes do superior tribunal (as letras minúsculas são intencionais) solta-o um dia depois e, em menos de 12 horas, novamente é pres. Impressionante como é rápido o sistema judiciário, não? E agora toda a imprensa esta focada em denunciar seus enjoativos escândalos.
Que Deus proteja o povo brasileiro: justiça falha e tarda. Imprensa esconde e tarda também.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Like a rolling stone

“Nunca crie nada! Você será eternamente perseguido por isso!” Dylan- Rimbaud

Escrever uma vida é complexo, filmar uma existência é praticamente impossível. Quando se trata da história de um artista, gênio ou afins, nem se comenta. Mas quando outro ser dotado de características e sensibilidade como o homenageado é o responsável pela biografia, podem surgir pérolas de tamanha intensidade que valem um registro nesta Oficina. Estou dedicando este texto a duas pessoas: um querido amigo que me enviou uma música de Dylan em mp3 há um tempo, e que acabou gerando a curiosidade de pesquisar o mesmo e resultou na publicação desta pesquisa; a ao próprio Dylan e sua vida única. Foram as incertezas e transformações de sua existência que pendulam entre sucesso e ocaso, que fazem de sua história um interessantíssimo filme.


Bob, autodidata (aos 10 anos já compunha e tocava violão e piano por conta própria); teve fase cantor folk de sucesso (que serviu como instrumento de protesto); foi rockstar e maníaco religioso. E em todas essas situações, Bob Dylan foi ímpar, e o diretor escolheu atores distintos para dar novo rosto e nova vida ao protagonista.


Desta forma vemos um garoto negro representando os primeiros passos do compositor que acaba engolido por uma baleia e descobre deveria cantar o seu tempo e as suas dores. O cantor folk ganha companhia de Juliane Moore , na fase em que o compositor tornou-se "a voz do povo". Nesta fase do documentário, há fotos imitando os primeiros discos e fotos públicas de Dylan: muito bom!


Sobretudo, chamou-me a atenção o alter-ego do cantor, autodenominado como Rimbaud, um dos grandes poetas da humanidade. Há também a fase roqueira e seus shows polêmicos, sua turnê inglesa e o acidente de moto que o fez dar um tempo da estrada. Esta fase também é marcada pelo mesmo em caixões, que devem representar seus momentos sem gravações ou aparições. Deve ser nestas fases que o outro personagem, o Sr. Robert Allen Zimmerman (nome verdadeiro de Dylan) vive intensamente seu casamento mais longo.

E por fim, vemos Richard Gere, num Bob que vive em uma cidade imaginaria e a defende de um extermínio brusco, em troca da construção de uma estrada (bem big-bang). Todos eles se misturam em um tempo extremamente psicológico que encantam e nos fixam à telinha, merecidamente recebendo indicação ao Óscar.

Entre encontro maluco com os Beatles e a frase escrita no violão: Essa máquina mata fascistas! Vemos um filme sensível e de bom gosto, muito bem dirigido e musicalmente trabalhado de forma sublime.


quinta-feira, 5 de junho de 2008

Toc toc

Limitações do mundo virtual: o leitor cujo nome imaginário.
É o lado B da vitrola e há quem jure que nele, as melhores canções.
Transpassa, assim como o som às barreiras da viola,
Invadindo. Não se bate à invisível porta
Em que tempo e espaço este diálogo? Pintado cenário.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Blindness

Onde não há nomes. Onde a grandiosidade dos personagens existe pelas atitudes, lá onde enxergamos a essência da razão humana, se é que a mesma deveria ser qualificada desta forma, sobretudo já que somos nós quem assim a chamamos: outrora fosse outra espécie que questionasse sua significância. Humanidade, o animalismo a acompanha.

Ser anti-humano. Tão simples como apertar o gatilho ou virar o pescoço ao ver uma família esfomeada é ser instinto. Instinto não vê, nem ao menos enxerga. Instinto cheira, lambe, morde e engole, melhor se rumina. O polegar opositor e o cérebro altamente desenvolvido possibilitaram a construção de muitas coisas, vivas ou mortas. Essas, cercarmo-nos de ilusões. As elucubrações nos fazem esquecer, ou ainda não lembrar que sem comida, água para beber e limpar, nem ao menos ao mérito de conviver com os cães e gatos, que se sentiriam por demais evoluídos ou ainda civilizados para nos ter como companhia. Sem visão então, a cara contra o muro! O personagem cão-humano desta vez é o cão das lágrimas: quase Baleia, Achado e Manoel.


Por que costumamos fofocar, intrigar ou destacar os defeitos alheios? Pela cegueira interna. Essa também inclui a paquera com o babaca, os cumprimentos acalorados para poucos, e a mania de transferir aos demais nossos traços inconscientemente irritantes. Oro, peço, canto e grito. Costumo clamar pelas pessoas amigas: desejo crescer. Meu comportamento continuamente em evolução de forma que cada vez com mais clareza aquilo que no primeiro parágrafo foi caracterizado por razão e agora receberá como palavra designadora espírito. Enfim, que desenvolva com percepção em longo prazo, ainda que míope.


Falávamos do livro: Ensaio sobre a cegueira de Jose Saramago rendeu um maravilhoso romance e um filme cuja minha expectativa é ótima, o que contraria as críticas do mundo virtual, já que para o real me faço de cega e surda também. Foi dirigido por Fernando Meirelles e abriu o Festival de Cannes. A foto acima é dele, nome: Blindness

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Fome

Cozinhar é definitivamente uma terapia. Dormi tarde depois de mais uma das inúmeras noites em que eu e amigas decidimos sair com a esperança de que não estamos em uma cidade do interior onde nada de lucrativo irá acontecer e o resultado sempre será apenas a ressaca. Independentemente da ressaca, prometi, no feriado municipal, strogonoff.

Iniciei picando o filé e o começo foi o responsável pela melancolia que acompanhou o cardápio. Alguém que decidiu que o filé era a carne mais barata depois de uma longa viagem sobre custos e benefícios do mesmo: a nostalgia tem nome, sempre. Houve quem acreditasse que muito alho caracterizaria menos a maciez da carne naquele instante, mas o sangue escorreu. Tentei picar a cebola. Piorou. Lágrimas vieram com a intensidade que só as cebolas mais novinhas sentem ao perceber que nem sempre a “morte os separe” e também tão longas quanto às das menos jovens ao perceber o quão eterno é o amor, e incondicional também: separação.

Entram nesta fase o pimentão e o tomate, tomates não verdes picados, que darão à fritura a possibilidade de cozer, que alívio! Decido trocar o cd. Incluo mais alguns ingredientes e vem a etapa da prova. Lembranças de provas passadas, a colher de pau, molhos e sopas quentes a queimar as mãos e lábios, lábios que tantas vezes nos mataram a sede, da água, do desejo, da paixão, da loucura causada pela ausência do corpo alheio ao qual tantas vezes desejamos ser nosso, único, uno.

Nesta altura lembro-me da seleta de legumes, picados, do cogumelo o qual só entende o tempo dos fungos, aquele que proporciona a quase ausência de odor, sabor e cor (leia-se dor), mas traz uma lembrança tão grande do período de esporulação e adaptação que se transformam na intensidade da memória genética a qual transforma o sabor do prato de forma estonteante. A brancura dos mesmos trouxe, como que num processo de osmose, a urgência do creme de leite e mais ainda da consistência do catupiry.

Os olhos embebidos e o sal percebido pela língua desejaram queimar. Foi com conhaque que a chama se fez, e à mesa se serviram todos os sentimentos dos últimos nove anos. Alguns ingredientes foram esquecidos ou apenas não descritos.

Eu vejo que aprendi
O quanto te ensinei
E nos teus braços que ele vai saber
Não há por que voltar
Não penso em te seguir
Não quero mais a tua insensatez
O que fazes sem pensar aprendeste do olhar
E das palavras que guardei prá ti
Não penso em me vingar
Não sou assim
A tua insegurança era por mim
Não basta o compromisso
Vale mais o coração
Já que não me entendes, não me julgues
Não me tentes
O que sabes fazer agora
Veio tudo de nossas horas
Eu não minto, eu não sou assim
Ninguém sabia e ninguém viu
Que eu estava a teu lado então
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa, meu amor
Alguma coisa aconteceu
Do ventre nasce um novo coração

terça-feira, 18 de março de 2008

A rima, a Rosa

Ouvindo a canção “A Rosa” de Chico, lembrei-me de uma característica própria dele que é escrever sem utilizar de rimas, ricas ou pobres, e trabalhar com o ritmo das palavras na construção das músicas. Falando em “Construção”, talvez esta seja a composição mais adequada para exemplificar a qualidade a qual estou me referindo. Nela, o poeta rima a dor cotidiana do proletário, representado pelo operário de obra que decide se matar, com a insignificância do memso no apressado mundo veloz, representado pelo tráfico.

O tema não é a única forma de rima aplicada à poesia, observa-se também que todas as palavras da referida são proparoxítonas, ou seja, sua sílaba tônica é a antepenúltima e a mesma é acentuada. Assim, a canção não possui as rimas da música sertanoja como exemplo os verbos que têm a mesma conjugação cantar, amar, chorar, ou ainda substantivos com a mesma terminação como paixão, coração, emoção; e sim palavras com terminações e classes gramaticais distintas, mas com entonações que permitem uma rima rítmica magnânima, digna da genialidade de alguns compositores da música brasileira. Observe:
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Voltando à rima, à rosa. Para mim a poesia e a música são de fundamental importância à manutenção do equilíbrio emocional e a felicidade, propriamente dita. É nelas que encontro refúgio quando desejo fugir do stress e competitividade mundanos, também é nelas que encontro a força motriz para continuar na busca pelo conhecimento e equilíbrio. E neste blog descrevo alguns desses devaneios. A significância da rima, é que a mesma lembra poesia, mesmo não sendo uma obrigatoriedade da outra e a da Rosa é trazer a beleza e o perfume à vida.
A Rosa, neste texto, significa o símbolo dos sentimentos que ambos, o texto poético e a musicalidade trazem ao cotidiano. Mesmo que nem sempre realidade, ambos nos motivam, nos animam. A canção que me inspirou a escrita hoje foi A Rosa, mulher que, assim como a poesia, arrasa os projetos de vida, mas sem ela não os haveria. Não se esqueçam de observar a rima, a rima, e a delícia dos trocadilhos entre os adjetivos.

Arrasa!
O meu projeto de vida
Querida!
Estrela do meu caminho
Espinho!
Cravado em minha garganta
Garganta!
A santa!
Às vezes troca meu nome
E some!
E some!
Nas altas da madrugada...

Coitada!
Trabalha de plantonista
Artista!
É doida pela portela
Ói ela!
Ói ela!
Vestida de verde e rosa
A Rosa!
A Rosa!
Garante que é sempre minha...
Quietinha!
Saiu prá comprar cigarro
Que sarro!
Trouxe umas coisas do norte
Que sorte!
Que sorte!
Voltou toda sorridente...

Demente!
Inventa cada carícia
Egípcia!
Me encontra e me vira a cara
Odara!
Gravou meu nome na blusa
Abusa!
E acusa!
Revista os bolsos da calça...

A falsa!
Limpou a minha carteira
Maneira!
Pagou a nossa despesa
Beleza!
Na hora do bom me deixa
Se queixa!
A gueixa!
Que coisa mais amorosa
A Rosa!
A Rosa!
E o meu projeto de vida
Bandida!
Cadê minha estrela-guia?
Vadia!
Me esquece na noite escura
Mas jura!
E jura!
Que um dia volta prá casa...

Arrasa!
O meu projeto de vida
Querida!
Estrêla do meu caminho
Espinho!
Cravado em minha garganta
Garganta!
A santa!
Às vezes me chama Alberto
Alberto!
De certo!
Sonhou com alguma novela
Penélope!
Espera por mim bordando
Suando!
Ficou de cama com febre
Que febre!
A lebre!
Como é que ela é tão fogosa...

A Rosa!
A Rosa!
Jurou seu amor eterno
Meu terno!
Ficou na tinturaria
Um dia!
Me trouxe uma roupa justa
Me gusta!
Me gusta!
Cismou de dançar o tango...

Meu rango!
Sumiu lá da geladeira
Caseira!
Seu molho é uma maravilha
Que filha!
Visita a família em sampa
Às pampa!
Às pampa!
Voltou toda descascada...

A fada!
Acaba com a minha lira
A gira!
Esgota a minha laringe
Esfinge!
Devora a minha pessoa
À tôa!
À tôa!
Que coisa mais amorosa
A Rosa!
A Rosa!
E o meu projeto de vida
Bandida!
Cadê minha estrela guia?
Vadia!
Me esquece na noite escura
Mas jura!
Me jura!
Que um dia volta prá casa...

Arrasa!
O meu projeto de vida
Querida!
Estrêla do meu caminho
Espinho!
Cravado em minha garganta
Garganta!
A santa!
Às vezes troca meu nome
E some!
E some!
Nas altas da madrugada...

domingo, 2 de março de 2008

Quando a ignorância é a felicidade, é loucura ser sábio?

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança - Chico Buarque

Tantas vezes me questionei a respeito da busca pelo conhecimento como autoflagelo e agora escrevo essas linhas a respeito deste tão complexo tema a título de registro de opiniões e não como crítica, enquanto proposta desta oficina. Hoje foi um dos dias em que acordei com um desejo de viver sem me notar, aflita por ser e ter consciência do eu por mim mesma. Esta aflição acompanha a todos que lutam pelo saber, sobretudo aos que anseiam o autoconhecimento, embora todas as buscas tragam sentimentos indesejáveis como surpresa, medo, desilusão, frustração entre outros. Para evitar essas conseqüências a maioria de nós opta pela alienação.

Em uma palestra descobri que a depressão é identificada por passos. Sempre que ultrapasso a segunda etapa, procuro esquecer dos filósofos e assistir às novelas e ao Faustão, além de conversar mais com pessoas e respeitar melhor a multiplicidade cultural da sociedade. Durante estes períodos, percebo o quão mais feliz que eu a maioria das pessoas é. Trabalhar demais, dormir demais, agenda lotada. Todos evitam estar sozinhos por um tempo maior que o reservado à higiene pessoal e necessidades biológicas e este é o segredo da felicidade!

O complicado é que depois de um determinado período é impossível se enganar e “passar uma borracha” nas leituras apreendidas. É complicado não sentir-se livre depois de ter experimento a liberdade e a dor que a mesma traz: a da responsabilidade. A ignorância é a justificativa do perdão e a ciência nos leva à culpa e à cobrança. São sentimentos bem descritos por Fernando Pessoa no excerto abaixo:

Lembro-me de quando era criança e via, como hoje não posso ver. A manhã raiar sobre a cidade, ela não raiava para mim, mas para a vida. Porque então eu, não sendo consciente, Eu era a vida. E via a manhã e tinha alegria. Hoje vejo a manhã, tenho alegria e fico triste. Eu vejo como via, mas por trás dos meus olhos, vejo-me vendo. E só com isso, se obscurece o sol, o verde das árvores é velho e as flores murcham antes de aparecidas... (F. Pessoa)

A análise do tema não me levará à local nenhum, são apenas elucubrações publicadas neste blog, uma forma de dividir minhas dúvidas com alguém que me compreenda, mesmo que seja meu próprio ID, desde que totalmente afastado do superego. Estas publicações me têm trazido a sensação de magnitude que sempre senti ao imaginar o diálogo entre Cae e Gil na canção “Ele me deu um beijo na boca”, na qual os polêmicos assuntos religião e política são citados. Pena que o beijo não é possibilitado pela escrita.
Ele me deu um beijo na boca e me disse
A vida é oca como a toca
De um bebê sem cabeça
E eu ri a beça
E ele: como uma toca de raposa bêbada
E eu disse: chega da sua conversa
De poça sem fundo
Eu sei que o mundo
É um fluxo sem leito
E e só no oco do seu peito
Que corre um rio
Mas ele concordou que a vida é boa
Embora seja apenas a coroa:
A cara é o vazio
E ele riu e riu e ria
E eu disse: Basta de filosofia
A mim me bastava que o prefeito desse um jeito
Na cidade da Bahia
Esse feito afetaria toda a gente da terra
E nós veríamos nascer uma paz quente
Os filhos da guerra fria
Seria um anticidente
Como uma rima
Desativando a trama daquela profecia
Que o vicente me contou
Segundo a Astronomia
Que em Novembro do ano que inicia
Sete astros se alinharão em escorpião
Como só no dia da bomba de Hiroshima
E ele me olhou
De cima e disse assim pra mim
Delfim, Margareth Tatcher, Menahem Begin
Política é o fim
E a crítica que não toque na poesia
O Time Magazine quer dizer que os Rolling Stones
Já não cabem no mundo do Time Magazine
Mas eu digo (Ele disse)
Que o que já não cabe é o Time Magazine
No mundo dos Rollings Stones Forever Rockin´And Rolling
Por que forjar desprezo pelo vivos
E fomentar desejos reativos
Apaches, Punks, Existencialistas, Hippies, Beatniks
De todos os Tempos Univos
E eu disse sim, mas sim, mas não nem isso
Apenas alguns santos, se tantos, nos seus cantos
E sozinhos
Mas ele me falou: Você tá triste
Porque a tua dama te abandona
E você não resiste,
Quando ela surge
Ela vem e instaura o seu cosmético caótico
Você começa olhar com olho gótico
De cristão legítimo
Mas eu sou preto, meu nego
Eu sei que isso não nega e até ativa
O velho ritmo mulato
E o leão ruge
O fato é que há um istmo
Entre meus Deus
E seus Deuses
Eu sou do clã do Djavan
Você é fã do Donato
E não nos interessa a tripe cristã
De Dilan Zimerman
E ele ainda diria mais
Mas a canção tem que acabar
E eu respondi:
O Deus que você sente é o deus dos santos:
A superfície iridescente da bola oca,
Meus deuses são cabeças de bebês sem touca
Era um momento sem medo e sem desejo
Ele me deu um beijo na boca
E eu correspondi àquele beijo.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Homenagem ao político

Assim como sentimos saudade de Sarney e até diria da ditadura pela censura política, há de se admitir a falta da malandragem carioca. Hoje é comum CPI, é Comissão de tudo, cartão, ambulância, silicone, só falta mesmo a minha CPU interpretar e entendê-las já que todas para mim significam pizza.

Em tempos de nova malandragem, há a lei a qual exige o analfabetismo para os cargos eletivos de presidentes, diretores, secretários e superintendentes. Na verdade, como toda brasileira, desconheço a legislação em vigor, mas cito a proposta lei, devido à recordação de várias justificativas a respeito da não leitura de documentos nos quais constavam as assinaturas, ou melhor, os polegares de políticos corruptos.

Desta moderna fase, Primavera não se safa: temos vice-prefeito que se declara contrário ao prefeito assumindo o cargo por trinta dias e fazendo festa na imprensa, sendo que nos bastidores sabemos que ele nem recebe as pessoas pois alega que decisões serão tomadas somente após a volta do coronel.

Leitores, perdoem o rápido desabafo. Fiquem com o Chico e sua Homenagem ao Malandro..... de 1978, sendo a mesma muito atual.

Eu fui fazer um samba em homenagem
à nata da malandragem, que conheço de outros carnavais.
Eu fui à Lapa e perdi a viagem,
que aquela tal malandragem não existe mais.
Agora já não é normal, o que dá de malandro
regular profissional, malandro com o aparato de malandro oficial,
malandro candidato a malandro federal,
malandro com retrato na coluna social;
malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal.
Mas o malandro para valer, não espalha,
aposentou a navalha, tem mulher e filho e tralha e tal.
Dizem as más línguas que ele até trabalha,
Mora lá longe chacoalha, no trem da central



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Goffman a respeito da confusão: iludimo-nos de modo a iludir melhor os outros

A surpresa é a reação ao acontecimento inesperado. Manifesta-se a partir de impulsos nervosos com manifestações químicas (com a liberação de adrenalina) e físicas, aumentando o rítimo cardíaco e impusionando a pessoa ter fazer alguma reação corporal, normalmente lágrimas, muitas lágrimas. É, na real, um prazer inesperado, imprevisto, o qual eu obtive graças ao carinho de amigas que me surpreenderam com um bolo e flores.

Para saber o verdadeiro significado da surpresa, pesquisei o significado de outras duas palavras: Dissimulação - Disfarce; fingimento; camuflagem. Ilusão - Engano dos sentidos ou da inteligência; errada interpretação de um fato; tapeação.

Podemos notar literalmente que a responsável pelos efeitos da ilusão é a dissimulação. Desta forma, não há ilusão sem a dissimulação, o que torna uma, produto da outra. Não havendo a possibilidade de utilização da dissimulação para outros fins que não o da ilusão e a surpresa, temos que a surpresa se dá com a união da dissimulação e da ilusão. Ps: isso é raciocínio matemático!!!!!!!!!!!!!!

Descobre-se, pesquisando na net, que o fator surpresa é de conhecimento da sábia natureza. Alguns vaga-lumes fêmeas do gênero Photuris imitam o piscar próprio das fêmeas do gênero Photinus no cio e, em seguida, tendo atraído um macho Photinus, devoram-no. Algumas orquídeas se assemelham bastante a vespas fêmeas, para melhor atrair as vespas machos que então dispersam involuntariamente seu pólen. Algumas cobras inofensivas desenvolveram a coloração de cobras venenosas, ganhando imerecido respeito. Algumas crisálidas de borboletas têm extraordinária semelhança com a cabeça de uma cobra – escamas falsas, olhos falsos – e, se importunadas, começam a chocalhar ameaçadoramente. Em suma: os organismos podem se apresentar assemelhando-se à forma que seja do seu interesse. Quando bem-sucedida, a dissimulação impele o inimigo a desviar a sua atenção da força atacante, ou retarda a sua resposta o tempo suficiente para se obter a surpresa no momento vital.

Como seres integrantes da natureza, nós humanos, também usamos a ilusão e auto-ilusão. Utilizamos estes artifícios para finalidade de guerras, melhoria de auto-estima e até sociais e afetivos. A "consciência" é uma região com fronteiras mal definidas e porosas. Muitas vezes acreditamos que alguém esteja consciente de uma informação relevante sobre uma situação, mas na prática, percebemos surpresas da referida com os resultados da informação. Podemos deduzir que a informação está em alguma parte da mente, bloqueada por censor, que a pessoa esqueceu de registrar a informação e, caso tenha esquecido ainda podemos nos questionar se essa percepção seletiva em si resulta de um desenho evolutivo específico para produzir a auto-ilusão.

Aproveitar essa vulnerabilidade da mente humana produz a surpresa. Quando temos esta finalidade, usamos fatos que queremos como ilusão criando uma imagem exata da realidade ou cenário que pintamos para a pessoa a ser surpreendida. Nisto minha amiga Adriana é expert, pois criou uma imagem desde o início da semana precedente ao meu aniversário e me convenceu a esquecer de todas as demais possibilidades. Prometendo-me apresentar um amigo, conseguiu desviar minha atenção ao fato já conhecido por mim de que elas, as minhas amigas, iriam certamente me surpreender com o bolo e o desejo de felicidades. Obrigada queridas!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Terra de quem?

Na segunda, 18/02/08, houve o anúncio pelos EUA, ou melhor, pela ONU de reconhecimento da independência de Kosovo. Assistindo ao jornal nacional, lembrei-me do meu terceirão e da professora Eliane tentando nos fazer compreender o que estava ocorrendo por lá e pelo resto do mundo. Acredito que ela era contra os movimentos separatistas mas não me recordo da mesma emitindo opiniões a respeito, lembro-me apenas do seu cartesianismo.

O presidente da Sérvia alega que o precedente aberto pela ONU deixa de assegurar aos países garantia de soberania e território, e ordenou a retirada de suas embaixadas dos países que votaram a favor da independência kosovar no Conselho de Segurança da ONU (vale lembrar que o Brasil não participa do mesmo, embora tenha se esforçado muito para tal).

A mulher mais poderosa do mundo, Condoleezza Rice, parabenizou os albaneses pela soberania. As quase 2.000.000 de pessoas desta etnia estavam sob administração internacional desde o ataque da OTAN para acabar com a repressão de Slobodan Milosevic em 1999. Os sérvios ficaram tristes por considerar este território o berço de sua pátria e tentaram reintegrar a Iugoslávia a todo custo no período pós Muro de Berlim. Este pensamento é apoiado por países que possuem movimentos separatistas e que votaram contra o reconhecimento do Estado de Kosovo, como a Espanha e China.

Será que o Brasil acompanharia os países citados, caso tivesse seu assento no Conselho? O movimento separatista nacional possui algum grau de periculosidade? História tem. No século XVIII, o indígena Sepé Tiaraju declarou que a aquela terra tinha dono durante as missões jesuíticas. Já no século XIX houve a Revolução Farroupilha, comemorada até hoje nos CTGs e que inspirou outras revoluções no Brasil.

Costurando todas as informações, é importante destacar que a maioria das atrocidades ocorreu pelo sentimento de superioridade racial (acobertada pela religião) e o bom senso nos leva a perceber que o movimento separatista do sul do Brasil é provido deste sentimento e deve ser banido, juntamente com os skinheads e klu klux klan. Conforme minha percepção, devemos buscar a integração e as riquezas oriundas da multiplicidade cultural. Para quem quer saber um pouco mais sobre o movimento de integração e as guerras civis separatistas da região, indico o filme Terra de Ninguém, no qual um soldado bósnio e outro sérvio ficam ilhados em uma trincheira, local em que se dá a tragicomédia.
Branquinha – Caetano Veloso

Eu sou apenas um velho baiano
Um fulano, um caetano, um mano qualquer
Vou contra a via, canto contra a melodia
Nado contra a maré
Que é que tu vê, que é que tu quer,
Tu que é tão rainha?
Branquinha
Carioca de luz própria, luz
Só minha
Quando todos os seus rosas nus
Todinha
Carnação da canção que compus
Quem conduz
Vem, seduz
Este mulato franzino, menino
Destino de nunca ser homem, não
Este macaco complexo
Este sexo equívoco
Este mico-leão
Namorando a lua e repetindo:
A lua é minha
Branquinha
Pororoquinha, guerreiro é
Rainha
De janeiro, do Rio, do onde é
Sozinha
Mão no leme, pé no furacão
Meu irmão
Neste mundo vão
Mão no leme, pé no carnaval
Meu igual
Neste mundo mau

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Fundamentos das fundações e universidades públicas

Dentre os escândalos de uso de cartões de crédito do Governo Federal o mais óbvio foi o que envolveu a UnB (Universidade Nacional de Brasília). Meu espanto foi em ler as declarações nas quais a própria instituição alega não ter encontrado irregularidades na auditoria feita, assim como não há nada demais na lixeira do reitor custar quase R$ 1.000,00 (mil reais). Até imaginei uma possível defesa: - “Possuo pensamento acadêmico, do qual se abrolha minha consciência da função social da universidade pública e a importância do saber ecológico da separação e conservação adequada do lixo”.

A respeito das fundações, o senso comum já possui adjetivo correto: corruptas. Esta adjetivação se encaixa em diversos casos, como exemplo cita-se a antiga Fundação Estadual do Meio Ambiente FEMA/MT e suas operações da polícia federal que desencadearam a CPI da Assembléia Legislativa. São as fundações de apoio ao ensino superior que têm, sob o pretexto de incentivar a pesquisa, se tornado administradoras e representantes dos interesses da iniciativa privada no “cérebro” das universidades federais.

O resultado desta “invasão” é, na maioria das vezes a perda de autonomia das instituições e comprometimento da liberdade acadêmica, visto que os interesses privados estão “in” reitorias, além dos tantos casos de corrupção apontados pelo TCU. Essas fundações, como é o caso da UNISELVA, vinculada à UFMT, utilizam de mecanismos das universidades como a não prestação de contas e a ausência de licitações, e acabam “privatizando” o ensino quando da cobrança de taxas administrativas. Vale também destacar que, embora as mesmas tenham fins não lucrativos, a maioria obtém lucros exorbitantes que se destinam aos professores envolvidos nos convênios e também ao bolso dos administradores das mesmas.

Lastimo que o Estado não cumpra seu papel em oferecer a todos o ensino público de qualidade e esta insuficiência é bem observada com a dificuldade imposta nos vestibulares classificatórios, que sempre oferecem um número insuficiente de vagas. Em Primavera do Leste não há universidade pública. Há um convênio entre o executivo municipal, que na gestão anterior julgou ser benéfico à população não permitir que seus filhos deixassem o município em busca de uma faculdade. Esta atitude não foi bem quista à nova gestão e os convênios foram encerrados como já tratado nesta Oficina.

O que importa é que tenhamos consciência do que está ocorrendo em nosso país e que possamos cobrar que o Estado assuma seu papel de forma legal e coerente. Apelo a todos os líderes estudantis e aos centros acadêmicos que se imponham mais e não sirvam de massa de manipulação como serviram os estudantes da USP no início de 2007. Neste período, o governador José Serra criou decretos e realizou alterações legais que levariam a instituição a uma obrigatoriedade maior nos processos financeiros, um deles exigindo a prestação diária de contas. A questão está no entendimento da Constituição, que em seu artigo 207, determina a autonomia universitária, estabelecendo que as universidades brasileiras têm o direito de decidir, por si próprias, como irão trabalhar. Seja no âmbito didático-científico, seja sobre questões administrativas e de gestão financeira e patrimonial. Este direito não é superior a obrigação que a universidade tem em cumprir suas funções dentro da sociedade: o desenvolvimento pessoal de seus integrantes, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, conforme dita o artigo 205 da Constituição. A autonomia universitária é uma forma de garantir que estes objetivos sejam cumpridos sem a interferência de outros interesses que não tenham relação com eles. Daí inclusive a importância da autonomia de gestão financeira e patrimonial, e não só da didático-científica – não há livre pensar se as decisões administrativas forem tomadas fora da universidade, por isso os centros acadêmicos deveriam exigir mais decretos como aqueles de Serra e menos fundações como a UNISELVA. Mesmo que não possamos mudar o sistema, devemos conhecê-lo melhor e lutar sempre por sua melhoria.


A imagem acima é da famosa lixeira, patrimônio público. O site abaixo é da Fundação Uniselva, vincuada à UFMT.


http://www.fundacaouniselva.org.br/nova/index_1024.asp

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Caminhos Cruzados

“Se eu demorar uns meses, convém às vezes você sofrer, mas depois de um ano eu não vindo, põe a roupa de domingo e pode me esquecer”. Chico Buarque.
Estava buscando informação na página de um site assim como se busca compreender o comportamento humano vendo Big Brother. Puro comportamento de “alemoa” teimosa, que já sabe que nada encontrará. Chega até ser burrice! Bom, buscando informação encontrei um link “Você já esqueceu seu ex?”
Impossível não pensar sobre o assunto, ainda mais para mim que tive um primeiro amor, daqueles de cinema, inocente, intenso, nada platônico (real), puro e infinito (ao menos enquanto durou). É sobre ele e o segundo amor, aquele que quase ninguém fala e que eu ainda não conheço, que este texto tratará.

O término de uma relação é mais ou menos como o falecimento de alguém principalmente quando se amou, já que o amor não se finda. A presença material da pessoa é retirada bruscamente de nossas vidas e o ser humano nunca conseguiu lidar com o nunca mais, o que torna difícil separa-se de pessoas, assim como do cigarro. È nesse momento que a pessoa se esforça, emagrece, muda de hábitos, toma fluoxetina, sofre, sente dores e se acalma. Acalmam-se uns com um novo amor, outros com muitos e alguns sozinhos.

Se fossemos buscar o equilíbrio tão almejado, das três opções a mais adequada seria um novo amor. Nem o sentimento de “Socorro eu não estou sentindo nada”, nem a vingança de Olhos nos olhos de Chico. Como acredito que o ideal seja não esquecer o antigo amor, afinal ele é parte de sua história, desaconselho quaisquer das alternativas anteriores. Se amar e preparar o caminho para a solidão ou para um novo relacionamento, de forma que ambas as possibilidades trarão felicidade. É complexo, mas possível estar aberto ao novo amor sem ignorar a felicidade advinda do anterior. Não esquecer os erros e sim, evitá-los a todo custo. Conviver com a lembrança desacompanhada de culpa, de vingança, de rancor, de raiva e esperar que outra pessoa, preferencialmente alguém que também convive com essa lembrança, cruze seu caminho ou não.
O vídeo mostra Caetano cantando Caminhos Cruzados de Tom Jobim no show do disco Noites do Norte Ao Vivo (o qual eu recomendo)

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Beleza e guerra

Foi jogando “War” na varanda de casa que, após uma conquista árdua de territórios, um amigo disse ao ver o belo resultado de seus dados: Beautiful! Neste momento minha cabeça fez aquele habitual zummmmmmmmmm e um fervilhão de conceitos, imagens e idéias ficaram me rondando. Beleza na Guerra? Por incrível que pareça há muitos que a vêem. Cheguei à conclusão de que essa dualidade é comum na história da humanidade.

Lembrei primeiramente de Alexandre, O Grande (aproximadamente 330 A.C.) que na verdade foi pequeno em estatura. O lendário conquistador teve influências espirituais e culturais gregas advindas de sua mãe, adoradora de Dionísio. No aspecto filosófico, sua base provém de Aristóteles, seu preceptor. No âmbito militar a herança veio de seu pai, Felipe II, que lutou contra Atenas e Tebas. Essa mistura toda gerou o maior e mais rico império da antiguidade até Roma, já que o mesmo se estendia dos Balcãs à Índia, incluindo também o Egito e a Báctria (aproximadamente o atual Afeganistão). A dualidade proposta a ser analisada se encontra na capacidade de que Alexander tinha de criar uma síntese entre o oriente e ocidente (encorajando a união com os persas), de respeitar os derrotados (permitiu a manutenção de governos, religião, língua e costumes) e de admirar as ciências e as artes (fundou Alexandria, maior centro cultural, científico e econômico da Antigüidade); e ao mesmo tempo ser instável e sanguinário (as destruições das cidades de Tebas e Persepólis, o assassinato de Parménion, o seu melhor general, a sua ligação com um eunuco), limitando-se a usar o pessoal de valor que tinha à sua volta em proveito próprio.

Adiantando-me bastante no tempo, destaco uma das frases de Patoon que alegava ser medíocre qualquer empreendimento humano se comparado à guerra. A contradição entre a devoção religiosa do citado militar e o sentimento de amor confesso pelo sangue e destruição é a mesma existente entre a beleza e a guerra. Para esclarecer, George Smith Patton, nascido em 1885 nos EUA e falecido e, 1945 na Alemanha, foi o general do 3º exército dos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial. Sujeito excêntrico, amado e odiado, conseguiu ser a imagem do herói americano dedicado à pátria e à família e ao mesmo tempo ter hábitos tão extravagantes que chocam até hoje à opinião pública. Usava palavras de baixo calão, escrevia poesias e acreditava em reencarnação de forma que havia participado de guerras como Tróia, lutado nas legiões de Roma e exércitos de Napoleão.

Desta forma, todas as análises de guerras nos levaram à dualidade. Inclusive a ligação entre intelectualidade e o jogo de xadrez, ou ainda à diplomacia e o planejamento estratégico. Podemos ainda analisar a guerra dos sexos antagônica ao amor heterossexual e a guerra fria exaltando-se seu aspecto sociológico. O bem e o mal, o Yin e Yang, o tudo e o nada. Os idealizadores da energia nuclear não intencionavam a bomba atômica, meu blog foi possível devido ao projeto militar da internet, meu café aquecido no microondas, a influência de Sun Tzu na arte da administração. Até os deuses gostam da guerra: Ogum, Oxóssi e Iansã são guerreiros e há uma passagem bíblica que relata que deus parou o Sol para que uma batalha pudesse ser vencida. A guerra é integrante do ser humano e possivelmente bela, ou ao menos seus resultados acabam por ser.
Filmes de Guerra, Canções de Amor
Engenheiros do Hawaii
Composição: Humberto Gessinger

os dias parecem séculos
quando a gente anda em círculos
seguindo ideais ridículos
de querer, lutar & poder

as roupas na lavanderia...
o analista passeando na Europa...
as encomendas na Bolívia...
nas fotos um sorriso idiota

os dias parecem séculos
e se parecem uns com os outros
como enfermeiras em filmes de guerra
e violinos em canções de amor

a seguir cenas obcenas
do próximo capítulo
é só virar a página
e o futuro virá...

filmes de guerra, canções de amor
manchetes de jornal, ou seja lá o que for
há sempre uma estória infeliz
esperando uma atriz e um ator

há vida na terra, há rumores no ar
dizendo que tudo vai acabar
(mais uma estória infeliz
esperando um ator e uma atriz)

não tenho medo de perder a guerra
pois no fim da guerra todos perdem
no fim das contas as nações unidas
'tão sempre prontas pra desunião

não tenho medo de perder você
desde o início eu sabia
era só questão de dias
um dia iria acontecer

preciso beber qualquer coisa
não me lembre que eu não bebo
o que só nós dois sabemos
nós sabemos que é segredo

há um guarda em cada esquina
esperando o sinal
pra transformar um banho de piscina
numa batalha naval

agora sinto um medo infantil
mas na hora certa afundaremos o navio
então dê um copo de aguardente
para um corpo sentindo frio

preciso beber qualquer coisa
você sabe que eu preciso
e o que só nós dois sabemos
já não é mais segredo

se alguém, seja lá quem for
tiver que morrer, na guerra ou no amor,
não me peça pra entender
não me peça pra esquecer

não me peça para entender
não me peça pra escolher
entre o fio ciumento da navalha
e o frio de um campo de batalha

chegamos ao fim do dia
chegamos, quem diria?
ninguém é bastante lúcido
pra andar tão rápido

chegamos ao fim do século
voltamos enfim ao início
quando se anda em círculos
nunca se é bastante rápido

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

As favelas da Bahia são lindas!!!!!!

Uma colega escreveu em sua monografia ao findar a faculdade de Turismo que férias são questão de qualidade de vida. Espero que ela tenha tratado também da qualidade das mesmas, e afirmo aqui que pude vivenciar as minhas da melhor maneira possível. Cheguei da Bahia e ainda sinto-me inebriada pelo ambiente do axé. Através da Neguinha, no poema postado ainda em Salvador, tentei fotografar palavras a respeito desta cidade, mas apenas agora de volta para casa, consegui focar na importância de escrever minha nova paixão.

Destaco que agora posso descrever melhor o que vi e senti, pois meu olhos estrangeiros influenciam-me menos aqui no meu quarto, embora já haja nele influências de lá. Da mesma forma que me apaixonei, uma amiga que me acompanhou pareceu-me detestar ou menos gostar de lá. Essas discrepâncias tornam ainda mais bela à canção de Caê que possibilita as bocas banguelas.

Foi acompanhada por bairristas soteropolitanos que conheci o Recôncavo e as críticas de Santo Amaro em relação à família Veloso. Foi lá que percebi o quão doce é o povo baiano e quão saboroso é o prato não preparado para o turista. Foi lá também que entendi que, mesmo para os católicos, a religiosidade não é culpa e sofrimento e sim, amor e alegria. Essa percepção foi fortalecida durante a Lavagem de Bonfim na qual os fiéis choram de comoção na Igreja que possui uma sala dos milagres capaz de desmoralizar qualquer espécie de ateísmo. Em relação à procissão, destaca-se que a mesma é acompanhada de cerveja, música, Filhos de Gandhi e muito sincretismo.

O mar quentinho, o pôr-do-sol da Barra, a areia fina, as ilhas, os coqueiros. Ah! Os coqueiros, encantadoras palmeiras! O azul esverdeado do mar e o povo moreno e forte “camaleando”. As belezas naturais não serão louvadas em meu texto, já que foi a questão cultural que me faz plagiar Arnaldo Jabor e afirmar que “A Bahia foi o lugar perfeito para a África chegar”. O baiano é povo trabalhador sim, mas não é povo estressado. É alegre, mas não afoito e desesperado. É calmo sem ser acomodado. São essas diferenças que nos encantam e nos transformam, fazendo com que as férias sejam análise e estopim para mudanças de hábitos e conceitos, incluindo os preconceitos no rol.

A pacífica convivência entre as diferentes classes sociais é apavorante no primeiro olhar, fascinante no segundo e óbvia no estender do tempo, o Tempo, este que é um deus para o povo em questão. O sincretismo religioso se encontra também, creio eu, na harmonia social e na multiplicidade cultural. Carnaval com DJ internacional; mar e praia ao som de Nirvana exalando de barraca protegida por carrancas; deus acessível aos humanos nos terreiros; a alegria e a dança nas esquinas e as oferendas: tudo isso são pequenas lembranças que servem como exemplo do que se respira por lá. Inevitavelmente a Bahia e seu povo foram citados e cantados não só pelos baianos, mas por todos os grandes compositores da música brasileira.

Encantada, volto para meu trabalho, amigos e família. Trago uma suavidade comigo, uma espécie de baiunidade que certamente me possibilitará alcançar mais rapidamente o equilíbrio desejado e tantas vezes citado nesta oficina. E já que naquela cidade todo mundo é de Oxum, que a bela Orixá me auxilie e acompanhe nesta proposta!
É d'Oxum - Gerônimo Santana

Nessa Cidade Todo Mundo É d'oxum
Homem, Menino, Menina, Mulher
Toda Essa Gente Irradia Magia
Presente Na Água Doce
Presente n'água Salgada
E Toda Cidade Brilha
Seja Tenente Ou Filho De Pescador
Ou Importante Desembargador
Se Der Presente É Tudo Uma Coisa Só
A Força Que Mora n'água
Não Faz Distinção De Cor
E Toda A Cidade É d'oxum É d'oxum,
É d'oxum, É d'oxum, Eu Vou Navegar,
Eu Vou Navegar Nas Ondas Do Mar,
Eu Vou Navegar
É d'oxum, É d'oxum

Estrangeiro (Caetano Veloso)

O pintor Paul Gauguin amou a luz na Baía de Guanabara
O compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela
A Baía de Guanabara
O antropólogo Claude Levy-strauss detestou a Baía de Guanabara:
Pareceu-lhe uma boca banguela.
E eu menos a conhecera mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, te tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?

O amor é cego
Ray Charles é cego
Stevie Wonder é cego
E o albino Hermeto não encherga mesmo muito bem

Uma baleia, uma telenovela, um alaúde, um trem?
Uma arara?
Mas era ao mesmo tempo bela e banguela a Guanabara
Em que se passara passa passará o raro pesadelo
Que aqui começo a construir sempre buscando o belo e o amaro
Eu não sonhei que a praia de Botafogo era uma esteira rolante deareia brancae de óleo diesel
Sob meus tênis
E o Pão de Açucar menos óbvio possível
À minha frente
Um Pão de Açucar com umas arestas insuspeitadas
À áspera luz laranja contra a quase não luz quase não púrpura
Do branco das areias e das espumas
Que era tudo quanto havia então de aurora

Estão às minhas costas um velho com cabelos nas narinas
E uma menina ainda adolescente e muito linda
Não olho pra trás mas sei de tudo
Cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo
Mas eu não desejo ver o terno negro do velho
Nem os dentes quase não púrpura da menina
(pense Seurat e pense impressionista
Essa coisa de luz nos brancos dentes e onda
Mas não pense surrealista que é outra onda)

E ouço as vozes
Os dois me dizem
Num duplo som
Como que sampleados num sinclavier:

"É chegada a hora da reeducação de alguém
Do Pai do Filho do espirito Santo amém
O certo é louco tomar eletrochoque
O certo é saber que o certo é certo
O macho adulto branco sempre no comando
E o resto ao resto, o sexo é o corte, o sexo
Reconhecer o valor necessário do ato hipócrita
Riscar os índios, nada esperar dos pretos"
E eu, menos estrangeiro no lugar que no momento
Sigo mais sozinho caminhando contra o vento
E entendo o centro do que estão dizendo
Aquele cara e aquela:

É um desmascaro
Singelo grito:
"O rei está nu"
Mas eu desperto porque tudo cala frente ao fato de que o rei é mais bonito nú

E eu vou e amo o azul, o púrpura e o amarelo
E entre o meu ir e o do sol, um aro, um elo.
("Some may like a soft brazilian singer)

domingo, 20 de janeiro de 2008

Salvador














A respeito de minhas férias na Bahia uma poesia e uma foto.


Luz, para quem à espera do mar
Mesma cor e suor, para o lotação
Neguinha cá
Acarajé acolá

Os cheiros no pescoço e paladar
As cores da favela, copo sujo no balcão
Neguinha ri
Turista ali

Em Santo Amaro Canô e o Gênio
O pôr-do-sol da Barra, blues
O calabouço do Modelo, nus
A dor e falta de oxigênio
Ainda assim, cansa
Neguinha dança
Meu pai, branco e harmonia
Orixás e lança
Obaluaiê, infinita sabedoria
Ah Salvador
És de Neguinha amor e dor.