domingo, 31 de maio de 2009

Trânsito Primaverense



Fim de semana novamente visitei um famoso bar localizado entre a cruz e a praça. Durante duas horas de lero-lero conseguimos perceber a quase pexada (dicionário gaúcho é necessário para leitura deste blog) em diversas situações, todas envolvidas no queijinho que separa duas avenidas. As rotatórias substituem os semáforos que já existiram em nossa cidade, mas que não receberam boa aceitação da população local e com razão, já que moramos no interior e não desejamos parar no sinal vermelho e nos estressar com a possível multa que ocorreria de uma parada desnecessária, já que o movimento ocorre em determinadas horas do dia e ainda sem filas, engarrafamentos e outras situações exigíveis de sinaleiros.



Mesmo que quase ninguém respeite a faixa de pedestres em nossa cidade, até mesmo porque as mesmas não nos respeitam, alguns pedestres aparecem, como que num passe de mágica atravessando a rua em nossa frente. Freamos e olhamos atentamente, os míopes têm mais dificuldade, mas se olharmos com bastante atenção perceberemos que aquele pedestre não esta atravessando a rua na rua e sim, na faixa, sempre desbotada e mal sinalizada, quando não também com localização irregular.


A rotatória também localizada entre a cruz e a espada teve um pequeno sinistro enquanto eu estava no referido boteco. Para que uma moçoila utilize seu direito de atravessar a rua na faixa, um motorista teve o dever de frear no meio da rotatória, o que fez com que o motorista que estava atrás do mesmo, que observava as demais moças do buteco encostar em sua traseira. A sorte é que enquanto caçava as belezas da calçada (sim, em nossa cidade os bares têm mesas em calçadas) guiava lentamente seu auto, caso estivesse um pouco menos interessado ou com um pouco mais de pressa o acidente teria conseqüências mais desastrosas.


Dizem que no trânsito brasileiro o que há é falta de educação, tratam a mesma como algo que se diagnostica: para os brasileiros cinco comprimidos ao dia; para europeus meia dose diária. Solicito encarecidamente aos leitores que exijam que o dinheiro público seja investido em planos de sensibilização, treinamento e principalmente fiscalização no trânsito. Gastem menos filosofia de boteco com o termo educação e mais com cobrança e participação na gestão dos recursos públicos.


Para explanar o porquê não creio no termo educação como o problema descrevo o caso das faixas de Primavera do Leste e Tangará da Serra. Ambas são cidades pequenas de Mato Grosso com perfis semelhantes de população história, cultura e base econômica. Lá as faixas são utilizadas, até os ciclistas empurram a pé suas bikes pelas mesmas e existe uma foto divulgada em cartões telefônicos na qual cães estão atravessando a faixa. Aqui, os ciclistas pedalam na contramão, no meio das ruas e a situação das faixas já foi descrita. Será que o problema é educação ou gestão?

Tempo II



Pink Floyd
Composição: Mason, Waters, Wright, Gilmour

Ticking away the moments that make up a dull day
You fritter and waste the hours in an off hand way
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way

Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain
You are young and life is long and there is time to kill today
And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run, you missed the starting gun

And you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
And racing around to come up behind you again
The sun is the same in a relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death

Every year is getting shorter, never seem to find the time
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desperation is the English way
The time is gone the song is over, thought I'd something more to say

Home, home again
I like to be here when I can
When I come home cold and tired
It's good to warm my bones beside the fire
Far away across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells

Tempo I

"Ver/que tudo pode retroceder..." Vanessa da Mata




Hoje a crise dos 28 terá um foco nas mitologias greco-romana e africana. Os que me conhecem sabem que estou em busca do meu entendimento interior ao longo da(s) crise(s). Uma das loucuras foi sentir-me integrada ao tempo, o que começou a acontecer quando, de repente, achei que minha vida seguiu um rumo distante de meus planos iniciais e que ele me faltava, ou melhor, que o mesmo existe e é essa percepção que se ausentou ao longo de minha ínfima existência.
Estou iniciando a vida adulta solitária e completamente discrepante daquela imaginada. Exemplo disso é que há dez anos eu programei um filho para um ano e isso não aconteceu, há cinco programei para hoje e hoje eu não percebo a possibildade de reprojetá-lo. Há um amadurecimento nisso? Seria esse o segredo da maturidade: deixar de sonhar? Afinal, eram eles: os sonhos, que me mantiam no erro, já que permitiam projetar um futuro diferente, como se ele fosse separado do presente ou ainda do passado.

É justamente o entendimento completo dele: o Tempo que me proibiu de pensar o futuro separadamente dos outros tempos, já que todos, principalmente o pretérito imperfeito, são responsáveis pela minha completa (in) satisfação. Assim, eu decedi mudar o presente para abafar o passado e programar o futuro, inclusive o futuro do pretérito. As mudanças são lentas, amigas do tempo - não do Deus Tempo, mas sim daquele estabelecido pela humanidade: aquele que nos orienta a crescer, nos reproduzir e morrer, ou ainda a plantarmos uma árvore e ter um filho. É esse o tempo que me falta, em todos os sentidos, pois o outro, não o tenho: já eu o sou, e é Ele quem me ensinou que devo construir e não esperar.

Ele é conhecido em diversas culturas, mas para mim significa o entendimento do interior, portanto, da responsabilidade individual de transformação, principalmente do presente, criador dos outros. Para outras culturas pesquisadas, segue:

Na cultura Yoruba
O tempo é representado por uma grande árvore com raízes que saem do chão, e são envoltas com um grande Alá (pano branco), este é um IROKO, que é fundamental necessidade a sua existência numa casa de candomblé. Este Orixá não tem qualidades, e representa o tempo: é primeira dádiva da terra (Odudua) aos homens. Iroko é a essência da vida reprodutiva, do poder da terra. Alguns mitos dizem que Iroko é o cajado de Odudua, a Terra, que através dele ensina aos homens o sentido da vida. É também a permanência dentro da impermanência e impermanência na permanência. O ciclo vital, que não muda com o transcorrer da eternidade. A infinita e generosa oferta que a natureza nos faz, desde que saibamos reverenciá-la e louvá-la. Quatro é o número da Terra; quatro foram os dias que Olorum levou para criar o mundo, quatro são as estações do ano: verão, inverno, outono e primavera; quatro são os elementais da natureza: fogo, água, terra e ar. Ligado a este número quatro, está o Orixá Tempo, que é senhor das estações do ano; regente das mutações climáticas. Tempo está sempre em movimento. Tempo está ligado ao meio ambiente, pois qualquer choque ambiental tem a sua regência. Ligado intimamente aos quatros elementais da Natureza, Tempo viaja por todos eles, num movimento constante, alterando infinitamente o tempo. Sem esse movimento, viveríamos o mesmo segundo sempre, melhor, “sempre” não existiria. Com o tempo parado, não poderia existir vida de nenhuma espécie. A este Orixá, também chamado de Kitêmbo, foi designado e controle do ambiente, a passagem dos segundo, minutos e horas, dando sentindo aos dias, semanas, meses, anos, décadas, séculos e milênios.
Mitologia greco-romana
Saturno, ou Chronos é conhecido também como maléfico, já que trata de responsabilidade, assumir compromissos, optar pela maturidade. Saturno completa o seu ciclo em 28 anos, e nos influencia de forma contundente de 7 em 7 anos, a partir da data do nosso nascimento. Quando nascemos, registra-se em nosso mapa astral o ponto do Zodíaco aonde Saturno estava. Sete anos mais tarde, ele está a 90º daquele ponto, formando a primeira quadratura - é quando mudamos a dentição e damos o primeiro passo no sentido de estruturar a personalidade. Mais tarde, aos 14 anos, é hora de abandonar a infância e entrar na adolescência. Aos 21 chegamos à maioridade reconhecida legalmente e conquistamos novos direitos e deveres, mas é aos 28 anos que vivemos o tão falado “retorno de Saturno”- hora em que o planeta passa pelo ponto do céu aonde estava na ocasião do nosso nascimento. Astrologicamente, este é um momento relacionado à depressão, a um sentimento de opressão social, a sensação de que não daremos conta das responsabilidades herdadas da cultura em que nos criamos. Porém nem sempre é assim. Se pensarmos em Saturno como um personagem, ele seria uma espécie de “tutor”, alguém que volta de tempos em tempos para nos cobrar realizações. Se conseguimos nos tocar aos 21 anos e começamos a caminhar para assumir aquilo que é responsabilidade nossa, quando Saturno chegar (aos 28 anos), não será para “puxar nossa orelha” mas sim para nos dar uma força, para ajudar-nos a nos estruturar internamente. Quanto mais relutamos em aceitar a maturidade e todas as suas implicações, tanto mais dura será para nós a experiência do retorno de Saturno.

Chronos surgiu no princípio, formado por si mesmo. Era um ser incorpóreo e serpentino possuindo três cabeças, uma de homem, uma de touro e outra de leão. Uniu-se à sua companheira Anaké (a inevitabilidade) numa espiral em volta do ovo primogénito separando-o, formando então o Universo ordenado com a Terra, o mar e o céu. Permaneceu como um deus remoto e sem corpo, do tempo, que rodeava o Universo, conduzindo a rotação dos céus e o caminhar eterno do tempo, aparecendo ocasionalmente perante Zeus sobre a forma de um homem idoso de longos cabelos e barba brancos.
Os romanos chamaram-lhe Saturno e por isso, o planeta que atualmente é conhecido com este nome, foi outrora chamado "Khronos" pelos astrónomos gregos. Era a divindade celeste mais distante, considerada como sendo o sétimo dos sete objectos divinos visíveis a olho nu. Uma vez que tem a maior translação observável no céu (cerca de 30 anos), os astrônomos gregos e romanos julgaram tratar-se do guardião dos tempos, ou "Pai do Tempo", uma vez que não havia conhecimento de nenhum outro objeto com maior período repetitivo (translação). Foi precisamente esta característica astronômica que levou os eruditos das artes a representar a sua figura como um homem de idade com longos cabelos e barbas brancas, tal como mencionado acima. Daí veio também a palavra crônica seguida de Chronos.

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Lenine

domingo, 10 de maio de 2009

Química

Existem líquidos que não se misturam, como a água e o óleo, por exemplo, ou ainda a água escaldante e a gelada que são lançadas dos chuveiros dos hotéis. Existem químicos capazes de misturá-los, todos esses líquidos, se não sob a superfície terrestre, ao menos em nossas percepções de realidade.

Estes alquimistas destroem conceitos, viram as razoes de ponta cabeça e transformam o mundo, fazendo com que pensemos ser possível nos apaixonar novamente.