sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Alice Ruiz

Hoje em dia me sinto personagem de Alice Ruiz. Não é a toa que em meu orkut haja o poema da mulher que se tocou, mais ou menos como aquela essa mulher do Arnaldo Antunes que conheceu o sabonete.

Há tempos tenho tentado me bastar, mas é difícil. A carência e demais problemas sempre me motivaram a buscar em outras coisas ou pessoas a a ineficácia do meu ser. Namoros, trabalho, cigarros, discos, poemas, crônicas, blog, war, amigos, política e livros, principalmente estes os quais podemos personificar.

Quero sentir-me bem de forma que o mundo desande e eu permaneça como um pilar solitário após um furacão. Sem coisas, apenas eu. E se as coisas houverem, que sejam apenas coisas.

"sou uma moça polida, levando uma vida lascada
cada instante pinta um grilo por cima da minha sacada"
Alice Ruiz
"Era uma vez
uma mulher que
via um futuro grandioso
para cada homem que a tocava.
Um dia ela se tocou"
Alice Ruiz

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Bóreas em pessoa, Saramago em deus

Muito me felicita ler que Saramago lançou seu novo livro e alegra-me mais ainda saber que não preciso aguardar tradução. Como o Estadão fez-no o favor de publicar um trecho do livro, chamado "A Viagem do Elefante", eu estou linkando o mesmo para que possamos juntos desfrutar a novidade.

O título Saramago em deus é inspirado na frase: “Não há vento, porém a névoa parece mover-se em lentos turbilhões como se o próprio bóreas, em pessoa, a estivesse soprando desde o mais recôndito norte e dos gelos eternos”.

Caso o leitor desta oficina esteja com preguiça de ler o trecho do livro, cito o final do pedacinho do céu para estimulá-lo e dar um “plof” na mesma e iniciar a leitura:

“...e de repente desapareceu da vista. Fez plof e sumiu-se. Há onomatopeias providenciais. Imagine-se que tínhamos de descrever o processo de sumição do sujeito com todos os pormenores. Seriam precisas, pelo menos, dez páginas. Plof. "

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama x Lula

Em conversa com um amigo ouvi o seguinte comentário: Obama será um ótimo presidente pois é muito parecido com Lula. Não resisti e esbocei algumas linhas ontem a noite, tentei colocá-las em quadro e não consegui, então seguem em texto sendo azul para Lula (que há tempos não é colorado..rs).



Barack Hussein Obama II (Honolulu, 4 de agosto de 1961) foi o primeiro afro-americano a ser eleito presidente estadunidense, sendo o 44° presidente de seu país.

Luiz Inácio Lula da Silva (Caetés, 27 de outubro de 1945), é o trigésimo quinto presidente da República Federativa do Brasil, cargo que exerce desde o dia 1º de janeiro de 2003.
Graduou-se em Ciências Políticas, com pela Universidade Columbia em Nova Iorque, com especialização em relações internacionais. Depois cursou Direito na Universidade de Harvard, graduando-se em 1991. Foi o primeiro afro-americano a ser presidente da Harvard Law Review.
Em seu discurso de posse em 2002, afirmou: "E eu, que durante tantas vezes fui acusado de não ter um diploma superior, ganho o meu primeiro diploma, o diploma de presidente da República do meu país."

Trabalhou como agente comunitário em Chicago, sendo que em seus três anos como diretor da DCP, obteve grande aumento de equipe e desenvolvendo inúmeros programas sociais. Também trabalhou como um consultor e instrutor para a fundação Gamaliel, um instituto que dá consultoria e treinamento para associações comunitárias. Em 88 ingressou na Faculdade de Direito, obtendo o título de doutor em direito por Harvard em 1991, com 30 anos, graduando-se com louvor. Obama ensinou direito constitucional na escola de direito da Universidade de Chicago por doze anos e também advogou em escritório.

Após ter feito o curso técnico de torneiro mecânico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em 1963, empregou-se na metalúrgica Aliança, onde acidentou-se numa prensa hidráulica, o que lhe fez perder o dedo mínimo da mão esquerda. Depois disso militou em movimentos de esquerda que restauraram a prática de greves públicas de larga escala, que haviam cessado de ocorrer desde o endurecimento repressivo da ditadura militar.

Em 1996 foi eleito ao Senado de Illinois e reeleito em 2000 e 2004 com 70% dos votos. Em 2008 concorreu com a Sra Clinton à vaga a candidatura e foi eleito presidente em eleições históricas, derrotando John McCain.

Durante o movimento grevista reuniu-se com a esquerda intelectual e fundaram o PT. Em 82 perdeu a candidatura ao governo de São Paulo. Participou do Movimentos Diretas Já e da elaboração (não sei em qual nível de colaboração) da Constituição de 1988 como senador. A partir de 1989 inicia a “luta” pela presidência, sendo derrotado por Collor, duas vezes por Fernando Henrique e finalmente eleito e reeleito posteriormente.

Após nova vitória na eleições primárias de 2003, foi escolhido como orador de honra para a Convênção Nacional do Partido Democrata em julho de 2004.

É presidente de honra do PT mas seus companheiros costumam orientá-lo a ler os discursos previamente redigidos.

Como membro da minoria democrata, ajudou a criar leis para controlar o uso de armas de fogo e para promover maior controle público sobre o uso de recursos federais.

Lula tornou-se um dos principais opositores da política econômica do PSDB, sobretudo da política de privatização, de pagamento da dívida externa e de responsabilidade fiscal.

Já adulto, Obama admitiu ter usado cocaína, maconha e álcool durante o ensino secundário, tendo classificado, em evento na atual campanha eleitoral como seu maior erro do ponto de vista moral.

Já em maio de 2004, o governo chegou a pensar em expulsar do país o jornalista americano Larry Rohter, do jornal The New York Times, por divulgar boatos sobre a suposta propensão de Lula a beber.

Escreveu um livro sobre questões relacionadas à raça, publicado como Dreams from My Father em meados de 1995, quando Obama estava com 34 anos.

Plantou uma árvore essa semana e afirmou que Obama deve ser conrinthiano.

Enquanto presidente e candidato vencedor em duas campanhas, Lula teve uma série de epsódios marcantes. Cito alguns:

Abdicando dos "erros" cometidos em campanhas anteriores, em 2002 o mesmo opta por um discurso moderado, prometendo a ortodoxia econômica, respeito aos contratos e reconhecimento da dívida externa do país, conquistando a confiança de parte da classe média e do empresariado, o que o leva a eleição;

Após eleito, mantém a tão criticada política econômica do governo FHC, caracterizada pela estabilidade e balança comercial superavitária;

Agradando a ala radical do PT e honrando as pichaações de “FORA FMI”, aumenta o endividamento interno de 731 bilhões de reais (em 2002) para um trilhão e cem bilhões de reais em dezembro de 2006, e diminui a dívida externa em 168 bilhões de reais;

Na área de políticas fiscal e monetária, o governo de Lula caracterizou-se por realizar uma política econômica conservadora. O Banco Central goza de autonomia prática, embora não garantida por lei, para buscar ativamente a meta de inflação determinada pelo governo. A política fiscal garante a obtenção de superávits primários ainda maiores que os observados no governo anterior, alcançados por meio do corte de investimentos, ao mesmo tempo em que há aumento de gastos em instrumentos de transferência de renda como o Bolsa Família, salário-mínimo e o aumento no déficit da Previdência;

Teve taxas de crescimento econômico maiores que do governo anterior e menores que da media mundial. Sendo que os baixos índices inflacionários foram conseguidos a partir de políticas monetárias restritivas, que levaram a um crescimento dependente, por exemplo, de exportações de commodities agrícolas (especialmente a soja), que não só encontraram seus limites de crescimento no decorrer de 2005, como também tem contribuído para o crescimento dos latifúndios;

As relações políticas do governo Lula com a oposição e a Mídia foram conturbadas e sua inabilidade em lidar com essa situação resultou no escândalo do mensalão, denúncia de esquema de propina nos Correios, queda de ministros, cassação de deputados e escândalo dos cartões corporativos;

Não cumpriu suas promessas como reforma fiscal e da previdência, ao contrário aumentou impostos e tem desenvolvido uma política paternalista de distribuição de renda forçada com seus programas como bolsa isso e aquilo.

Esperamos, eu e esta Oficina, que as diferenças existentes na história de vida de ambos, Lula e Obama, permitam que o segundo se diferencie do primeiro em termos de governo, mesmo admitindo que ambos têm em comum o populismo.