sábado, 2 de fevereiro de 2008

Beleza e guerra

Foi jogando “War” na varanda de casa que, após uma conquista árdua de territórios, um amigo disse ao ver o belo resultado de seus dados: Beautiful! Neste momento minha cabeça fez aquele habitual zummmmmmmmmm e um fervilhão de conceitos, imagens e idéias ficaram me rondando. Beleza na Guerra? Por incrível que pareça há muitos que a vêem. Cheguei à conclusão de que essa dualidade é comum na história da humanidade.

Lembrei primeiramente de Alexandre, O Grande (aproximadamente 330 A.C.) que na verdade foi pequeno em estatura. O lendário conquistador teve influências espirituais e culturais gregas advindas de sua mãe, adoradora de Dionísio. No aspecto filosófico, sua base provém de Aristóteles, seu preceptor. No âmbito militar a herança veio de seu pai, Felipe II, que lutou contra Atenas e Tebas. Essa mistura toda gerou o maior e mais rico império da antiguidade até Roma, já que o mesmo se estendia dos Balcãs à Índia, incluindo também o Egito e a Báctria (aproximadamente o atual Afeganistão). A dualidade proposta a ser analisada se encontra na capacidade de que Alexander tinha de criar uma síntese entre o oriente e ocidente (encorajando a união com os persas), de respeitar os derrotados (permitiu a manutenção de governos, religião, língua e costumes) e de admirar as ciências e as artes (fundou Alexandria, maior centro cultural, científico e econômico da Antigüidade); e ao mesmo tempo ser instável e sanguinário (as destruições das cidades de Tebas e Persepólis, o assassinato de Parménion, o seu melhor general, a sua ligação com um eunuco), limitando-se a usar o pessoal de valor que tinha à sua volta em proveito próprio.

Adiantando-me bastante no tempo, destaco uma das frases de Patoon que alegava ser medíocre qualquer empreendimento humano se comparado à guerra. A contradição entre a devoção religiosa do citado militar e o sentimento de amor confesso pelo sangue e destruição é a mesma existente entre a beleza e a guerra. Para esclarecer, George Smith Patton, nascido em 1885 nos EUA e falecido e, 1945 na Alemanha, foi o general do 3º exército dos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial. Sujeito excêntrico, amado e odiado, conseguiu ser a imagem do herói americano dedicado à pátria e à família e ao mesmo tempo ter hábitos tão extravagantes que chocam até hoje à opinião pública. Usava palavras de baixo calão, escrevia poesias e acreditava em reencarnação de forma que havia participado de guerras como Tróia, lutado nas legiões de Roma e exércitos de Napoleão.

Desta forma, todas as análises de guerras nos levaram à dualidade. Inclusive a ligação entre intelectualidade e o jogo de xadrez, ou ainda à diplomacia e o planejamento estratégico. Podemos ainda analisar a guerra dos sexos antagônica ao amor heterossexual e a guerra fria exaltando-se seu aspecto sociológico. O bem e o mal, o Yin e Yang, o tudo e o nada. Os idealizadores da energia nuclear não intencionavam a bomba atômica, meu blog foi possível devido ao projeto militar da internet, meu café aquecido no microondas, a influência de Sun Tzu na arte da administração. Até os deuses gostam da guerra: Ogum, Oxóssi e Iansã são guerreiros e há uma passagem bíblica que relata que deus parou o Sol para que uma batalha pudesse ser vencida. A guerra é integrante do ser humano e possivelmente bela, ou ao menos seus resultados acabam por ser.
Filmes de Guerra, Canções de Amor
Engenheiros do Hawaii
Composição: Humberto Gessinger

os dias parecem séculos
quando a gente anda em círculos
seguindo ideais ridículos
de querer, lutar & poder

as roupas na lavanderia...
o analista passeando na Europa...
as encomendas na Bolívia...
nas fotos um sorriso idiota

os dias parecem séculos
e se parecem uns com os outros
como enfermeiras em filmes de guerra
e violinos em canções de amor

a seguir cenas obcenas
do próximo capítulo
é só virar a página
e o futuro virá...

filmes de guerra, canções de amor
manchetes de jornal, ou seja lá o que for
há sempre uma estória infeliz
esperando uma atriz e um ator

há vida na terra, há rumores no ar
dizendo que tudo vai acabar
(mais uma estória infeliz
esperando um ator e uma atriz)

não tenho medo de perder a guerra
pois no fim da guerra todos perdem
no fim das contas as nações unidas
'tão sempre prontas pra desunião

não tenho medo de perder você
desde o início eu sabia
era só questão de dias
um dia iria acontecer

preciso beber qualquer coisa
não me lembre que eu não bebo
o que só nós dois sabemos
nós sabemos que é segredo

há um guarda em cada esquina
esperando o sinal
pra transformar um banho de piscina
numa batalha naval

agora sinto um medo infantil
mas na hora certa afundaremos o navio
então dê um copo de aguardente
para um corpo sentindo frio

preciso beber qualquer coisa
você sabe que eu preciso
e o que só nós dois sabemos
já não é mais segredo

se alguém, seja lá quem for
tiver que morrer, na guerra ou no amor,
não me peça pra entender
não me peça pra esquecer

não me peça para entender
não me peça pra escolher
entre o fio ciumento da navalha
e o frio de um campo de batalha

chegamos ao fim do dia
chegamos, quem diria?
ninguém é bastante lúcido
pra andar tão rápido

chegamos ao fim do século
voltamos enfim ao início
quando se anda em círculos
nunca se é bastante rápido

6 comentários:

Carlos Rabelo disse...

Você já leu a Arte da Guerra de Sun Tzu?

Dayani Guero disse...

Oi Carlos, li a versão para administradores e a citei....

Bjo

Carlos Rabelo disse...

Procure ler a versão original. Muito instrutiva e menos deturpadora.

Dayani Guero disse...

Obrigada amigo.....vou pega-la no quarto do meu irmão.

bjo

Antonio Duque disse...

Despelate esta margarida:
Beleza de ver
Beleza de sentir
Beleza de ouvir
Beleza de provar
Quanto à guerra, qual dessas pétalas mais lhe apetece?
O deus da guerra nunca pediu aos homens que tivessem piedade e a toda humanidade mostou seu dedo, sua língua,sua face.

Antonio Duque.

Dayani Guero disse...

O enigma poético enriquece a oficina. Obrigada! Mas em relação à guerra, nenhuma pétala me apetece. As consequncias acabam por, digamos assim, ser benéficas à humanidade. Se tiver que escolher uma pétala, para mim ouvir. Ouvir os planejamentos, estratégias e acordos políticos dos líderes, mas não os gritos do campo de batalha!!!!!!!

Respondi, ou não (rs)????????????