São Pedro enlouqueceu: hoje, dezoito de julho, safrinha de milho, amanheceu chovendo. Não é a chuva do caju, certamente, muito cedo; é uma chuva sem razão de ser, muito teimosa. Gosto de observar que uma amanhecida úmida modifica completamente o ambiente. O ar está mais puro, O “Niti” (meu bonsai) está mais verde, meus colegas de trabalho mais animados e eu estou mais apreensiva porque literalmente parei para pensar na importância da água.
Sabemos que a água é considerada o novo petróleo, que as previsões de Terceira Guerra são oriundas da falta de água, etc. Gosto dessa guerra mais que das anteriores pois envolve subsistência e não ganância, parece que nosso sistema capitalista, que está permitindo a devastação dos recursos naturais nos está tornando mais humanos (ao menos no quesito causas de futuras disputas). Obviamente que o possuídor de maiores recursos materiais vencerá a guerra sobre o portador dos naturais, a não ser que o segundo perceba sua riqueza em tempo de desenvolver, sustentavelmente, o dinheiro e estrutura necessários para o previsto futuro.
Na edição anterior da Revista Superinteressante, a capa trazia as usinas atômicas e a energia nuclear como salvação ecologicamente correta na produção de energia, a capa é resultado do ideologismo intrínseco à mídia, já estamos nos aproximando do caos com a questão de superaquecimento global nunca tão debatida. Talvez o Enéias tenha sido o político mais ambientalista do país, já que defendia as usinas nucleares e a produção de uma bomba atômica, ambas necessárias para a preservação do meio ambiente. Nosso Brasil, caso as previsões sejam cumpridas, certamente será atacado pois somos os donos da Amazônia e os reis da água doce (13,7 % da reserva do planeta).
Mesmo assim, 40 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável, dentre eles meus visinhos. Explicando melhor, do outro lado da rodovia existe o bairro carente de Primavera do Leste que por incrível que pareça não possui água encanada de forma que os moradores atravessam a BR 070 e vêm até aqui no armazém para buscar água, este tão precioso recurso. Outras informações tristes são que 70% das internações hospitalares brasileiras são causadas por doenças relacionadas à contaminação da água; que em São Paulo, estima-se que 70% da poluição das águas são de origem doméstica e 30% de origem industrial; e que o índice de desperdício de água no Brasil chega 40%, contando o setor de produção e as residências.
Será que o homem não descobrirá uma forma de realizar o antônimo de salinizar? Tanta água no mar, deveria ser mais fácil descobrir este processo que pisar na Lua e são essas pesquisas ou as faltas delas que me permitem afirmar que definitivamente não compreendo muito bem os homens, meus irmãos na Terra. Alegro-me em não ter filhos pois evito o sofrimento dos mesmos e satisfaço-me em saber que ainda posso tomar banho de cachoeira sem riscos de acidentes nucleares. Talvez volte a ter como tema de minha monografia os recursos hídricos.
Traga-me um copo d'água, tenho sedeE essa sede pode me matarMinha garganta pede um pouco d'águaE os meus olhos pedem teu olharA planta pede chuva quando quer brotarO céu logo escurece quando vai choverMeu coração só pede o teu amorSe não me deres posso até morrer
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