quarta-feira, 18 de julho de 2007

Águas de julho

São Pedro enlouqueceu: hoje, dezoito de julho, safrinha de milho, amanheceu chovendo. Não é a chuva do caju, certamente, muito cedo; é uma chuva sem razão de ser, muito teimosa. Gosto de observar que uma amanhecida úmida modifica completamente o ambiente. O ar está mais puro, O “Niti” (meu bonsai) está mais verde, meus colegas de trabalho mais animados e eu estou mais apreensiva porque literalmente parei para pensar na importância da água.

Sabemos que a água é considerada o novo petróleo, que as previsões de Terceira Guerra são oriundas da falta de água, etc. Gosto dessa guerra mais que das anteriores pois envolve subsistência e não ganância, parece que nosso sistema capitalista, que está permitindo a devastação dos recursos naturais nos está tornando mais humanos (ao menos no quesito causas de futuras disputas). Obviamente que o possuídor de maiores recursos materiais vencerá a guerra sobre o portador dos naturais, a não ser que o segundo perceba sua riqueza em tempo de desenvolver, sustentavelmente, o dinheiro e estrutura necessários para o previsto futuro.


Na edição anterior da Revista Superinteressante, a capa trazia as usinas atômicas e a energia nuclear como salvação ecologicamente correta na produção de energia, a capa é resultado do ideologismo intrínseco à mídia, já estamos nos aproximando do caos com a questão de superaquecimento global nunca tão debatida. Talvez o Enéias tenha sido o político mais ambientalista do país, já que defendia as usinas nucleares e a produção de uma bomba atômica, ambas necessárias para a preservação do meio ambiente. Nosso Brasil, caso as previsões sejam cumpridas, certamente será atacado pois somos os donos da Amazônia e os reis da água doce (13,7 % da reserva do planeta).



Mesmo assim, 40 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável, dentre eles meus visinhos. Explicando melhor, do outro lado da rodovia existe o bairro carente de Primavera do Leste que por incrível que pareça não possui água encanada de forma que os moradores atravessam a BR 070 e vêm até aqui no armazém para buscar água, este tão precioso recurso. Outras informações tristes são que 70% das internações hospitalares brasileiras são causadas por doenças relacionadas à contaminação da água; que em São Paulo, estima-se que 70% da poluição das águas são de origem doméstica e 30% de origem industrial; e que o índice de desperdício de água no Brasil chega 40%, contando o setor de produção e as residências.



Será que o homem não descobrirá uma forma de realizar o antônimo de salinizar? Tanta água no mar, deveria ser mais fácil descobrir este processo que pisar na Lua e são essas pesquisas ou as faltas delas que me permitem afirmar que definitivamente não compreendo muito bem os homens, meus irmãos na Terra. Alegro-me em não ter filhos pois evito o sofrimento dos mesmos e satisfaço-me em saber que ainda posso tomar banho de cachoeira sem riscos de acidentes nucleares. Talvez volte a ter como tema de minha monografia os recursos hídricos.
Traga-me um copo d'água, tenho sede
E essa sede pode me matar
Minha garganta pede um pouco d'água
E os meus olhos pedem teu olhar
A planta pede chuva quando quer brotar
O céu logo escurece quando vai chover
Meu coração só pede o teu amor
Se não me deres posso até morrer

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