segunda-feira, 30 de julho de 2007

Rio das Mortes com lua cheia

Fim de semana regado de desejo de ser índia, xavante preferencialmente. Sábado com fogueira e lua preparando-se para ser cheia, amigos e violão. Domingo de sol e passeio noturno no Rio das Mortes.

A foto acima foi pescada na internet e retrata o luar no Rio das Mortes, que tem muitas lendas e justificativas para seu nome. Desde às enchentes assassinas às guerras entre garimpeiros e índios ou produtores e os mesmos. Há quem ainda diga que o nome é originário das inúmeras mortes por afogamento. O rio não deixa de ter trechos com fortes corredeiras e de ser perigoso, mas existem trechos bastante calmos e foi num deles que realizamos o passeio de ontem.

Saímos de Primavera num grupo de aproximadamente trinta pessoas e cinco barcos, todos orientados pelo amigo João Radical. Devidamente colocados os coletes, churrasqueiras e caixas de isopor a bordo, iniciamos a que se tornou uma das mais maravilhosas experiências da minha vida. A noite parecia dia de tão iluminada. Apenas o clima de inverno foi capaz de conter o desejo de descer o rio boiando e delirando com o luar e o som da água. Deixando a vida, ou melhor, a correnteza nos levar, flutuamos aproximadamente 30 km percorridos em três horas e todos os problemas foram abandonados a montante. A vida realmente é bela, em todos os sentidos.

Sobrou, além da sensação de relaxamento completo, bastante peso na consciência porque tenho o projeto de uma ONG, a Tsirobó – Associação Ambiental Rio das Mortes que nem no papel saiu e que poderia fazer muito por esse rio que tantas alegrias já me proporcionou. Tentarei convencer o pessoal da canoagem a ir ao rio domingo novamente durante o dia. Quero descer de rafting.
O primeiro link selecionado é sobre uma pescaria organizada para gringos. O segundo é divertido, possui dados sobre extensão, diz que o mesmo é navegável e que possui sinalização nos trechos de pedras. O terceiro é de um maravilhoso hotel localizado às margens deste:


http://www.tbftt.com.br/materias/riodasmortes.php


http://www.transportes.gov.br/bit/hidro/griomort.htm


http://www.aguasclarasparquehotel.com.br/




Essa foto é de uma nascente em Campo Verde:






Trecho próximo a ponte da MT 130 que entre Primavera e Paranatinga






"Se Deus Quiser, um dia quero ser índio

Viver pelado pintado de verde, num eterno domingo

Ser um bicho-preguiça, espantar turista

E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol"




terça-feira, 24 de julho de 2007

A respeito da imparcialidade do jornalismo II

Recebi um e-mail de uma prima jornalista que, como quase toda mensagem eletrônica, não tem grande fundamentação teórica nem utilidade cultural. Abri porque ela praticamente não envia mensagens "comerciais", e então desconfiei que fosse algo pessoal e não aquelas mensagens repassadas com o único intuito lógico de espalhar o endereço e posteriormente recebermos vírus.

Como estou tocando no assunto, aproveito para destacar comportamentos importantes para quem deseja que seus e-mails sejam lidos.

1. Envie mensagens pessoais, aquelas que pessoa realmente perceberá que foi enviada para
ela.

2. Coloque um endereço no remetente e os demais como cópia oculta.

3. Não envie imagens picantes ou pornográficas pois muitas pessoas costumam abrir suas caixas no ambiente de trabalho ou com a família por perto.

Voltando ao assunto, o e-mail me fez pensar em adequá-lo à realidade primaverense e resolvi colocar minha imaginação para funcionar. Parte e-mail, parte elucubração:

Estudo de CASO: A História de Chapeuzinho Vermelho contada por...

*JORNAL NACIONAL*
(William Bonner): "Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo
na noite de ontem...".

(Fátima Bernardes): "... Mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia".

*FANTÁSTICO*
(Glória Maria): "... Que gracinha, gente. Vocês não vão acreditar, mas essa
menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?

*BRASIL URGENTE*
(Datena): "... Onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as
autoridades?! A menina ia para a casa da avozinha a pé! Não tem transporte
público! Não tem transporte público! E foi devorada viva... Um lobo, um lobo
safado. Põe na tela!! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não
tenho medo de lobo, não."

*REVISTA VEJA*
"Lula sabia das intenções do lobo".

*REVISTA CLÁUDIA*
"Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no
caminho".

*REVISTA NOVA*
"Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama".

*REVISTA MARIE-CLAIRE*
"Na cama com o lobo e a vovó".

*FOLHA DE S. PAULO*
Legenda da foto: "Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador".
Na matéria, com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um
imenso info gráfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva
pelo lenhador.

*O ESTADO DE S. PAULO*
"Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT."

*ZERO HORA*
"Avó de Chapeuzinho nasceu no RS".

*AQUI*
"Sangue e tragédia na casa da vovó".

*REVISTA CARAS*
(Ensaio fotográfico com Chapeuzinho na semana seguinte) Na banheira de
hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS:
"Até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida. Hoje sou
outra pessoa".

*PLAYBOY*
(Ensaio fotográfico no mês seguinte) "Veja o que só o lobo viu".

*REVISTA ISTO É*
"Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente."

*G MAGAZINE*
(Ensaio fotográfico no mês seguinte) "Lenhador mostra o machado"

*JORNAL LOCAL*
Graças ao trabalho da administração municipal em segurança pública, lenhador prestador de serviços da secretaria de obras salva moça inocente de estudante barraqueiro da universidade pública.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Águas de julho

São Pedro enlouqueceu: hoje, dezoito de julho, safrinha de milho, amanheceu chovendo. Não é a chuva do caju, certamente, muito cedo; é uma chuva sem razão de ser, muito teimosa. Gosto de observar que uma amanhecida úmida modifica completamente o ambiente. O ar está mais puro, O “Niti” (meu bonsai) está mais verde, meus colegas de trabalho mais animados e eu estou mais apreensiva porque literalmente parei para pensar na importância da água.

Sabemos que a água é considerada o novo petróleo, que as previsões de Terceira Guerra são oriundas da falta de água, etc. Gosto dessa guerra mais que das anteriores pois envolve subsistência e não ganância, parece que nosso sistema capitalista, que está permitindo a devastação dos recursos naturais nos está tornando mais humanos (ao menos no quesito causas de futuras disputas). Obviamente que o possuídor de maiores recursos materiais vencerá a guerra sobre o portador dos naturais, a não ser que o segundo perceba sua riqueza em tempo de desenvolver, sustentavelmente, o dinheiro e estrutura necessários para o previsto futuro.


Na edição anterior da Revista Superinteressante, a capa trazia as usinas atômicas e a energia nuclear como salvação ecologicamente correta na produção de energia, a capa é resultado do ideologismo intrínseco à mídia, já estamos nos aproximando do caos com a questão de superaquecimento global nunca tão debatida. Talvez o Enéias tenha sido o político mais ambientalista do país, já que defendia as usinas nucleares e a produção de uma bomba atômica, ambas necessárias para a preservação do meio ambiente. Nosso Brasil, caso as previsões sejam cumpridas, certamente será atacado pois somos os donos da Amazônia e os reis da água doce (13,7 % da reserva do planeta).



Mesmo assim, 40 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável, dentre eles meus visinhos. Explicando melhor, do outro lado da rodovia existe o bairro carente de Primavera do Leste que por incrível que pareça não possui água encanada de forma que os moradores atravessam a BR 070 e vêm até aqui no armazém para buscar água, este tão precioso recurso. Outras informações tristes são que 70% das internações hospitalares brasileiras são causadas por doenças relacionadas à contaminação da água; que em São Paulo, estima-se que 70% da poluição das águas são de origem doméstica e 30% de origem industrial; e que o índice de desperdício de água no Brasil chega 40%, contando o setor de produção e as residências.



Será que o homem não descobrirá uma forma de realizar o antônimo de salinizar? Tanta água no mar, deveria ser mais fácil descobrir este processo que pisar na Lua e são essas pesquisas ou as faltas delas que me permitem afirmar que definitivamente não compreendo muito bem os homens, meus irmãos na Terra. Alegro-me em não ter filhos pois evito o sofrimento dos mesmos e satisfaço-me em saber que ainda posso tomar banho de cachoeira sem riscos de acidentes nucleares. Talvez volte a ter como tema de minha monografia os recursos hídricos.
Traga-me um copo d'água, tenho sede
E essa sede pode me matar
Minha garganta pede um pouco d'água
E os meus olhos pedem teu olhar
A planta pede chuva quando quer brotar
O céu logo escurece quando vai chover
Meu coração só pede o teu amor
Se não me deres posso até morrer

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Semelhanças entre Jornalismo e o Cometa

Jornalismo sério, imprensa imparcial, profissionalismo em jornais. Não tratarei de impossibilidades no tema de hoje e sim de ética. Faz-se necessária a lembrança de alguns conceitos que esclarecerão meu objetivo em poucas palavras.

Positivismo é considerado por mim como um meio de vislumbrar o universo e a ciência, como se existisse uma verdade absoluta e correta. Para seu ilustre representante Comte, a sociedade é um organismo composto por membros em harmonia e todos os problemas são ocasionados quando um destes fica adoecido de forma que existe tratamento e cura para tudo que abale a harmonia proposta. Nesse sistema de pensamento, considero-me uma das células do intestino. Importante destacar também que para essa turma, a Ciência pode chegar a uma conclusão, pois existe deus, quer dizer, verdade absoluta e, através da experimentação baseada em metodologia obteremos um resultado imparcial e real.

Sendo mais negativistas, ou realistas, como diz a mãe de uma amiga, lembremos que quem desenvolve a pesquisa é um ser humano, assim como nós, neurótico. Na verdade, neurótico não é o adjetivo mais adequado, pois o cientista/pesquisador é diferente de nós porque somente o fato de estar pesquisando já o define como paranóico e também com muito menos imparcialidade que a existente nos seres não científicos, pobres mortais. Seguindo essa linha de raciocínio, dentro da maravilhosa Epopéia do Pensamento Ocidental, encontramos uma escola proprietária do argumento que gostamos de usar quando estamos “perdendo” uma discussão: tudo é relativo! No período de desenvolvimento da mesma, inseridos nas mais modernas linhas de pensamento iluminista, os cientistas estavam tentando admitir que são passíveis ao erro; que as teorias de Newton, por exemplo, podem um dia ser contestadas; que não haverá imparcialidade enquanto houver humanidade; que a Psicologia pode ser considerada um ciência humana, assim como a veterinária é de fato uma espécie de medicina; e que os jornalistas nunca serão imparciais, apenas alguns poucos terão ética.


Ética: quem será essa conduta desconhecida na sociedade capitalista? Difícil descrever alguém há muito não convivente conosco, mas tentarei, afinal, é só encará-la com o Cometa Halley (todos sabemos que existe mas só o viram, os seres da geração passada e retrasada) e tudo se tornará possível. Ética seria um comportamento relativamente imparcial (gostei do conceito!), no qual o jornalista descreveria os fatos baseado nas informações, livre de opiniões pessoais e acordos monetários com políticos.


Já que estou tocando neste assunto, pena não ter escrito no texto anterior que a maior desvantagem de se viver no interior é possuir apenas um jornal e que, quando o editor “se vende” até mesmo ações bem intencionadas se tornam acordos políticos “monstrengos”. Vale também registrar que existem pessoas, com boa capacidade de raciocínio e com boa capacidade para escrever, como exemplo Diogo Mainardi, que se consideram jornalistas e adoram dissertar criticamente a respeito de qualquer assunto sem preocupação alguma com a verdade dos fatos, ou seja, o maior problema de se viver em Primavera é que possuímos um suposto jornalista que se encaixa nas descrições anteriores, embora certamente já tenha se autodenominado positivista ético.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Sobre viver no interior







Sobre morar no interior. Bom ou ruim? No último fim de semana visitamos a capital de Mato Grosso para assistir a um show que pode ser denominado como metrópole da música brasileira: Caetano Veloso embarcando no rock. Durante minha estada (destacando-se que estadia não é o termo adequado para pessoas), percebi a cidade de forma bastante curiosa, embora há tempos não saía de Primavera, não culpo o período e sim minha percepção pela mudança.

Primeiramente destaco que senti, como já o havia sentido, medo de ser assaltada e isto é péssimo! Significa que minhas neuroses ainda estão vivas, ou conseguiram cavar e surgir das covas onde eu as havia depositado. Também senti fúria no trânsito, mesmo não estando em um veículo e sim num, digamos que confortável hotel, esperando minha carona que passou no Mac Donalds para comprar um lanche e ficou preso no tráfego obrigando-nos a não ouvir a primeira parte do espetáculo e deixar-me com a percepção do “odeio muito tudo isso”.

Após o show, diga-se de passagem grande show que quase me convenceu de como seria bom viver em uma cidade “mais civilizada”, senti-me meio underground cult, perfeitamente encaixável em uma boate GLS ou em algum bar alternativo, quando lembrei que estava vestida com apenas a primeira parcela da roupa, maquiada, que ainda quero ter filhos e que o mesmo nível musical só seria possível no famoso Tom Choppin, bar caro que possui uma banda com instrumentos de sopro. Nessa hora também amei estar em Cuiabá, só não gostei muito de lembrar que sou pobre e para o velho conhecido chope com bela vista Av. da Fernando Correia fui.

Dancei, masturbei meus ouvidos, conversei com gente inteligente e continuei amando estar na “cidade grande”. Dormi mal, muito barulho. Voltei a odiar lá. Entre este último amar e odiar teve um maravilhoso escaldado. Acordei atrasada (redundância) e demorei muito mesmo para sair da fumaça, barulho e poluição visual. Ponto para a ex capital da soja. Vi gente pedindo esmola.

Em Chapada, interior tumultuado pelo Festival de Inverno, os pontos para a capital foram se sobressaindo, como se um milagre acontecesse, valendo o destaque que a respeito do turismo em Mato Grosso tudo é possível. Decidimos que merecíamos almoçar no melhor restaurante com cozinha típica, influenciados um pouco pelo chef presente na turma e outro tanto pela localização do restaurante que está situado no ponto eqüidistante entre o Atlântico e o Pacífico como descreveu Caê na noite anterior. Surpresa: cartões de crédito não são aceitos, o que na minha visão significa que turistas também não são bem-vindos.

Nada surpreendente já que vivemos num país em que a malha área foi para o espaço e que a ministra sexóloga nos indica relaxar e gozar. Em Chapada dos Guimarães não existe banco 24 horas e o garçom não sabe o preço da cerveja! Coisas de interior!!!!!!

De qualquer forma, preciso dormir e estou contente porque demoro apenas meio cigarro para chegar no escritório amanhã, como vocês leitores já sabem. Indico a vocês uma viagem à Chapada e também ao Pantanal, mas venham com cash nas carteiras.
Bom descanso a todos.